
- Nova pílula elimina barreiras de acesso ao tratamento de obesidade e diabetes tipo 2
- Estudo clínico mostra resultados promissores com perda média de 7,9% de peso em 40 semanas
- Mercado reage: ações da Lilly disparam enquanto concorrência amarga perdas
A Eli Lilly anunciou avanços importantes no desenvolvimento do orforglipron, seu novo medicamento oral contra a obesidade e o diabetes tipo 2. Diferentemente dos tratamentos atualmente disponíveis no mercado, que exigem injeções semanais e refrigeração, a nova droga é administrada em forma de pílula.
Assim, um diferencial que pode ampliar significativamente o alcance dos tratamentos e reduzir seus custos. A nova substância pertence à classe de fármacos que imitam o hormônio GLP-1, responsável por estimular a produção de insulina, reduzir os níveis de glicose no sangue e suprimir o apetite.
Com eficácia semelhante à dos medicamentos injetáveis como Wegovy, Ozempic, Zepbound e Mounjaro, o orforglipron surge como uma alternativa mais prática e acessível.
No teste clínico de fase 3, conduzido com 559 adultos em cinco países, sendo: Unidos, China, Índia, México e Japão e, os resultados foram animadores. Após 40 semanas, os pacientes que receberam a dose máxima da pílula perderam, em média, 7,9% de seu peso corporal. Mais de 65% deles também registraram uma redução dos níveis de glicose para abaixo do patamar considerado indicativo de diabetes.
Estudos reforçam a eficácia e destacam conveniência do novo medicamento
A pesquisa dividiu os participantes em quatro grupos: um de controle com placebo, e três grupos com dosagens diárias de 3, 12 e 36 miligramas. Os dados demonstraram efeitos positivos proporcionais à dose administrada.
Entre os que tomaram 36 mg por dia, os resultados foram os mais expressivos tanto na perda de peso quanto no controle da glicemia.
Apesar dos avanços, o orforglipron apresentou efeitos colaterais em cerca de 8% dos usuários, especialmente náuseas, vômitos e diarreia. Contudo, sintomas semelhantes aos relatados por pacientes que usam injetáveis da mesma classe.
Outro diferencial da pílula é a ausência de restrições alimentares. Atualmente, pacientes que usam medicamentos GLP-1 precisam evitar alimentos muito gordurosos, doces ou apimentados. A nova formulação promete maior liberdade e conforto no tratamento, favorecendo a adesão ao longo do tempo.
Segundo o cientista-chefe da Lilly, Dan Skovronsky, a pílula poderá atuar como tratamento inicial ou de manutenção, ampliando as possibilidades terapêuticas.
“Depois de as pessoas perderem peso, talvez com a ajuda de um remédio injetável, elas poderão usar o medicamento oral para manter a redução”, afirmou à Time.
Reação do mercado confirma potencial da inovação
O impacto da novidade já se refletiu nos mercados financeiros. As ações da Eli Lilly saltaram 15% logo após a divulgação dos resultados positivos, escapando do movimento de correção recente em Wall Street. Em cinco dias, os papéis acumulam alta de 10%.
A japonesa Chugai Pharmaceutical, responsável pela criação original do orforglipron e que licenciou a droga para a Lilly em 2018, viu seus papéis dispararem 16% em um único dia, atingindo sua máxima histórica.
Enquanto isso, a Novo Nordisk, principal concorrente da Lilly no mercado de medicamentos para diabetes e obesidade, sofreu perdas de 5,3% após a divulgação dos resultados da pílula. A farmacêutica dinamarquesa, que chegou a ser a empresa mais valiosa da Europa, viu seu valor de mercado cair para US$ 290 bilhões.
A Lilly planeja solicitar à FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA) a aprovação do orforglipron para o tratamento da obesidade ainda este ano. Já a autorização para diabetes tipo 2 deve ser pedida no início de 2026.
Ao todo, sete estudos clínicos de fase 3 estão em curso, sendo cinco voltados ao diabetes e dois focados exclusivamente em obesidade.
Se aprovada, a nova pílula será o primeiro fármaco GLP-1 oral disponível no mercado, podendo inaugurar uma nova fase no combate global ao excesso de peso e suas complicações metabólicas.