
- Nubank avaliou proposta de R$ 200 milhões pelo Digimais
- Fintech já realizou diligência para medir riscos e oportunidades
- Licença bancária plena é o objetivo central da movimentação
O Nubank está se movimentando para dar um passo histórico: transformar-se em um banco múltiplo. A fintech de David Vélez considerou uma proposta ao redor de R$ 200 milhões para comprar o Digimais, instituição controlada pelo grupo de Edir Macedo.
Além da cifra, o movimento chama atenção porque o Nubank já iniciou diligência no Digimais, em um processo de análise detalhada sobre ativos, governança e riscos. A compra facilitaria a conquista da cobiçada licença bancária, exigida pelo Banco Central, e abriria novas avenidas de crescimento.
A negociação em andamento
Segundo fontes próximas às tratativas, o Nubank ainda não colocou proposta formal na mesa, mas já fez as contas e avaliou que o valor de R$ 200 milhões seria suficiente para viabilizar a aquisição. O número reflete a necessidade de ajustes no balanço do Digimais e a percepção de risco do mercado.
Ademais, o Banco Central acompanha o caso de perto. Para o regulador, a transação resolveria duas questões: daria ao Nubank uma licença bancária plena e colocaria o Digimais sob a gestão de um sócio com histórico positivo.
Nesse sentido, apesar da atratividade regulatória, o Nubank teme desgastes reputacionais por assumir um banco associado a um grupo religioso. Essa ponderação ainda é vista como um dos maiores entraves para avançar.
Por que o Digimais entrou no radar
O Digimais tem enfrentado dificuldades em crescer e manter estabilidade financeira, mesmo após aportes recentes dos acionistas. A maior parte de seu portfólio está concentrada em financiamentos de veículos usados, negócio considerado arriscado e com inadimplência elevada.
Além disso, para o Nubank a aquisição traria não apenas a licença bancária, mas também créditos tributários relevantes, fortalecendo sua base de capital. Além disso, abriria espaço para ampliar produtos e serviços já testados na plataforma.
Desse modo, o BC, que já havia manifestado resistência em misturar religião e finanças, vê agora na transação uma oportunidade de reorganizar o setor. Esse contexto elevou o Digimais ao radar da fintech roxa.
A importância da licença bancária
Hoje, o Nubank é formalmente enquadrado como instituição de pagamentos. Isso limita algumas operações e pressiona sua capacidade de competir com grandes bancos tradicionais.
Ademais, a compra de um banco múltiplo seria o atalho mais rápido para mudar esse status. Diferente de pedir uma nova autorização ao BC, o que levaria anos, adquirir o Digimais permitiria uma transição imediata.
Portanto, essa é a principal razão pela qual a diligência foi feita: entender se a estrutura do Digimais pode ser adaptada sem grandes riscos para suportar os planos de expansão do Nubank.