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Fiocruz entra no jogo e vai produzir caneta emagrecedora nacional; veja o que muda

Com acordo inédito com a EMS, Fundação avança na produção nacional de canetas emagrecedoras com tecnologia transferida até 2026.

caneta emagrecedora nacional
  • Fiocruz e EMS firmam acordo inédito: fundação produzirá liraglutida e semaglutida no Brasil com tecnologia transferida até 2026.
  • Canetas emagrecedoras nacionais chegam ao mercado: Olire e Lirux já estão disponíveis com produção nacional.
  • Autonomia em saúde avança: parceria fortalece a indústria local e prepara o país para concorrer com Ozempic e Wegovy.

A Fiocruz oficializou um passo estratégico para o Brasil no setor farmacêutico. A fundação assinou um acordo de transferência de tecnologia com a EMS para produzir nacionalmente medicamentos à base de liraglutida e semaglutida, princípios ativos das chamadas canetas emagrecedoras.

Com isso, o país entra de vez na rota da produção de alternativas ao Saxenda e Ozempic. Os medicamentos Olire e Lirux, já lançados pela EMS, passarão a ser produzidos futuramente pela Farmanguinhos, unidade técnico-científica da Fiocruz, no Rio de Janeiro.

A empresa fará a transferência por etapas até 2026

Inicialmente, a EMS realizará a fabricação na planta de Hortolândia (SP). A produção passará integralmente para o Complexo Tecnológico de Medicamentos da Fiocruz ao longo dos próximos meses. A transferência envolve a tecnologia de síntese do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) e do produto final.

Ademais, esse modelo segue o formato tradicional de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), no qual a iniciativa privada transfere conhecimento técnico à esfera pública. O objetivo é reduzir a dependência do Brasil de medicamentos importados, especialmente em áreas estratégicas como obesidade e diabetes.

Portanto, segundo a vice-presidente da Fiocruz, Priscila Ferraz, a iniciativa fortalece o portfólio da fundação. “Ao unir forças com parceiros públicos e privados, ampliamos a capacidade nacional de inovação em saúde”, afirmou em nota.

Alternativas ao Ozempic ganham força nacional

A EMS começou a vender nesta semana, no Brasil, as versões com tecnologia nacional Olire e Lirux. A EMS indica o Olire para obesidade e direciona o Lirux ao controle do diabetes tipo 2. Ambos utilizam a molécula liraglutida, que simula a ação do hormônio GLP-1.

Além disso, esse hormônio atua diretamente no cérebro e no pâncreas, ajudando a reduzir o apetite, controlar a glicemia e aumentar os níveis de insulina. Já a semaglutida, presente nos medicamentos Ozempic e Wegovy, tem efeito semelhante, mas com maior potência e duração.

Desse modo, os produtos da Novo Nordisk, que lideram esse mercado global, ainda possuem patente válida. No entanto, a proteção do Ozempic expira em março de 2026. Até lá, a EMS e a Fiocruz devem estar com a tecnologia plenamente nacionalizada, prontas para competir com o produto original.

Brasil dá passo estratégico na autonomia farmacêutica

Para o presidente da EMS, Carlos Sanchez, o acordo representa um marco. “Desenvolver e transferir um medicamento de alta complexidade com tecnologia 100% nacional mostra nossa capacidade de inovar em território brasileiro”, declarou.

Ademais, a expectativa é que a produção pública ajude a democratizar o acesso aos tratamentos de obesidade e diabetes, que têm se tornado cada vez mais caros e restritos. A semaglutida, por exemplo, custa entre R$ 900 e R$ 1.400 por mês nas versões da Novo Nordisk.

Por fim, com a entrada da Fiocruz na cadeia produtiva, espera-se uma redução de preços e uma ampliação da oferta no SUS, especialmente após o fim das patentes. A produção nacional também protege o país de eventuais rupturas logísticas ou sanitárias em um mercado globalizado.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.