
A Controladoria-Geral da União (CGU) revelou um esquema de fraudes bilionárias no INSS envolvendo o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), entidade ligada a José Ferreira da Silva, irmão do presidente Lula. O órgão aponta falsificação de assinaturas, envio de informações falsas e omissão de vínculos familiares em documentos oficiais.
As investigações indicam que o sindicato teria forjado autorizações de desconto em benefícios previdenciários e se beneficiado de brechas para reter parte dos valores de aposentadorias e pensões. A manobra pode ter lesado centenas de milhares de segurados em todo o país, com prejuízos estimados em mais de R$ 800 milhões.
Falsificação e descontos indevidos
De acordo com os relatórios, o sindicato produziu assinaturas falsas de idosos para justificar descontos mensais em aposentadorias. A grande maioria dos beneficiários negou ter assinado qualquer autorização para filiação, e muitas das fichas apresentavam indícios claros de manipulação documental.
Além disso, o Sindnapi teria criado termos de adesão retroativos e omitido o uso de sistemas de verificação biométrica, o que permitiu validar milhares de cadastros fraudulentos. As operações visavam manter o fluxo de recursos dentro do sindicato e mascarar a origem dos valores obtidos com os descontos ilegais.
Omissão de parentesco e informação falsa
Outro ponto que chama atenção nas apurações é a omissão deliberada de informações. Em documentos encaminhados ao INSS, o sindicato afirmou não ter entre seus dirigentes nenhum parente de agente público — o que era falso. José Ferreira, conhecido como Frei Chico, já exercia cargo de direção quando a declaração foi enviada.
A CGU considera que essa conduta teve intenção de enganar órgãos públicos, garantindo vantagens indevidas e parcerias proibidas por lei. A ligação familiar entre o dirigente sindical e o presidente da República configuraria conflito de interesse direto, ampliando o alcance político do escândalo.
Silêncio autorizado pelo STF e convocação no Congresso
O caso ganhou novas proporções após o presidente do sindicato, Milton Baptista de Souza Filho, obter no Supremo Tribunal Federal o direito de permanecer em silêncio durante depoimento à CPMI do INSS. A decisão, autorizada pelo ministro Flávio Dino, gerou reação imediata entre parlamentares.
Com o silêncio do dirigente, cresceu a pressão pela convocação do irmão de Lula para prestar esclarecimentos ao Congresso. Deputados e senadores afirmam que a presença de José Ferreira é essencial para elucidar a extensão do esquema e o eventual envolvimento político no caso.
O escândalo e o impacto político
O episódio amplia a crise de imagem do Governo Lula em meio a sucessivas denúncias de uso político de entidades sindicais e fraudes previdenciárias. O caso do Sindnapi une todos os elementos de um escândalo de grande proporção: falsificação documental, omissão institucional e proteção judicial de figuras próximas ao poder.
Enquanto a CPMI avança, a pressão popular e política aumenta para que todos os envolvidos sejam convocados a depor. O caso já é considerado um dos maiores escândalos sindicais ligados ao sistema previdenciário das últimas décadas.
Pontos principais:
- Sindicato ligado ao irmão de Lula falsificou assinaturas e ocultou parentesco.
- CGU identificou prejuízo milionário e indícios de fraude em massa no INSS.
- STF garantiu silêncio ao presidente do sindicato, e Congresso quer ouvir Frei Chico.