
Em meio à crescente repercussão sobre o escândalo de fraudes em aposentadorias e pensões do INSS, uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (4) pela Quaest aponta que 31% dos brasileiros responsabilizam o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo caso.
O levantamento, encomendado pela Genial Investimentos, também revela que apenas 8% apontam o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como principal responsável.
A investigação da Polícia Federal, que revelou um esquema de descontos indevidos em benefícios do INSS por entidades com assinaturas fraudadas, segue em curso.
Estima-se que o prejuízo total causado possa chegar a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, período que abrange tanto o governo Bolsonaro quanto o atual governo Lula.
Percepção da responsabilidade varia por eleitorado
A pesquisa mostra forte polarização nas percepções conforme o voto no segundo turno de 2022.
Entre quem votou em Jair Bolsonaro, 53% culpam o governo Lula, enquanto apenas 1% atribui a responsabilidade ao ex-presidente. Já entre os eleitores de Lula, os culpados se dividem mais:
- 13% dizem que o governo Lula é o responsável;
- 15% apontam o governo Bolsonaro;
- 18% responsabilizam o próprio INSS;
- 10% culpam as entidades que fraudaram os descontos.
A divisão se repete entre os eleitores que votaram em branco, nulo ou se abstiveram: 33% culpam o governo Lula, e 4% apontam o governo Bolsonaro, enquanto 35% não souberam ou não responderam.
Veja os números gerais da pesquisa sobre quem é o principal responsável pelo escândalo:
- O governo Lula: 31%
- O INSS: 14%
- Entidades que fraudaram os descontos: 8%
- O governo Bolsonaro: 8%
- Aposentados que não conferiram os descontos: 1%
- Outros: 12%
- Não sabe/Não respondeu: 26%
A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%. Foram entrevistadas 2.004 pessoas em todo o Brasil, entre os dias 29 de maio e 1º de junho.
Devolução dos valores: o que pensam os brasileiros
A Quaest ainda perguntou qual deve ser a prioridade do governo Lula em relação à devolução dos valores desviados dos aposentados.
Para 52% dos entrevistados, o governo deve usar apenas recursos bloqueados das entidades investigadas. Outros 41% defendem que o dinheiro seja devolvido mesmo que haja uso de recursos públicos. Apenas 7% não souberam ou não quiseram responder.
CPI do INSS tem apoio popular
Metade dos entrevistados (50%) defende a instalação de uma CPI no Congresso Nacional para investigar o escândalo.
Já 43% acreditam que a investigação da Polícia Federal é suficiente e que uma CPI seria usada apenas para desgastar politicamente o governo Lula.
Entenda o escândalo do INSS
O caso veio à tona após a Polícia Federal identificar que associações estavam cadastrando aposentados e pensionistas sem autorização, com assinaturas falsificadas, para descontar mensalidades diretamente dos benefícios pagos pelo INSS.
O esquema envolvia entidades que ofereciam serviços, como planos de saúde e assessoria jurídica, sem o consentimento dos beneficiários.
Os indícios apontam que as fraudes ocorreram de forma contínua desde 2019, abrangendo parte dos mandatos de Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva.