Em 2024, os investidores estrangeiros retiraram R$ 32,1 bilhões da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), marcando a maior fuga de recursos internacionais desde 2020, ano em que a pandemia de COVID-19 afetou os mercados globais e causou retiradas de R$ 39,7 bilhões. O saldo negativo de 2024 reverte parcialmente o resultado positivo de 2023, quando o fluxo de investimentos internacionais na Bolsa foi de R$44,9 bilhões.
De acordo com dados divulgados pela B3 nesta sexta-feira (3), o saldo foi negativo em 9 dos 12 meses de 2024, sendo abril o pior mês. No período, após o anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a flexibilização das metas fiscais, houve uma fuga expressiva de R$11,4 bilhões. No último mês de 2024, no entanto, os investidores injetaram R$1,7 bilhão na Bolsa, oferecendo algum alívio ao desempenho do mercado.
O Ibovespa, principal índice da B3, teve um desempenho de queda de 10,36% no ano, o pior desde 2021. Em termos de dólar, ajustado pela desvalorização do real, o índice recuou 29,9%, o maior tombo desde 2015. Além disso, considerando as ofertas subsequentes (follow on), a retirada de recursos estrangeiros foi ainda mais expressiva, somando R$24,2 bilhões em 2024. Esse valor representa a maior retirada de recursos desde pelo menos 2015, segundo levantamento de Elos Ayta.
Esses números refletem um cenário de volatilidade e incertezas políticas e econômicas que afetam o mercado financeiro brasileiro. O fluxo negativo de investimentos estrangeiros coloca pressão sobre a recuperação da Bolsa, especialmente no início do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que enfrenta desafios fiscais e econômicos no país.