
- O modelo cria um ativo verde permanente, baseado em resultados e governança global.
- TFFF une capital público e privado para financiar a conservação de florestas tropicais.
- O fundo pode mobilizar US$ 125 bilhões e gerar US$ 4 bilhões anuais em pagamentos sustentáveis.
A COP30 ainda dava seus primeiros passos quando uma novidade financeira chamou atenção: o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Lançado durante a cúpula de líderes, ele promete transformar preservação ambiental em investimento rentável.
O plano é levantar até US$ 125 bilhões (R$ 670 bilhões) em capital público e privado. O objetivo é gerar rendimentos de longo prazo, capazes de garantir pagamentos anuais a países em desenvolvimento que comprovem a conservação de florestas tropicais.
A estrutura financeira: mistura de dívida e investimento verde
O TFFF adota o conceito de blended finance, unindo governos, filantropias e investidores privados. A camada inicial, chamada de capital júnior, deve captar cerca de US$ 25 bilhões em empréstimos, garantias e doações. Esse valor sustentará a emissão de US$ 100 bilhões em títulos no mercado internacional.

Assim, o Banco Mundial atuará como gestor fiduciário do Tropical Forest Investment Fund (TFIF), veículo responsável por aplicar o dinheiro em títulos soberanos e corporativos. A carteira seguirá critérios rigorosos de ESG, priorizando ativos de baixo impacto ambiental.
Desse modo, o mecanismo busca preservar o principal investido e distribuir apenas os rendimentos. Assim, o fundo cria um fluxo financeiro previsível e permanente, reduzindo a dependência de doações e substituindo o modelo tradicional de ajuda internacional.
Como o pagamento funciona: valor por hectare e metas ambientais
O fundo pagará US$ 4 por hectare de floresta conservada por ano. O valor pode variar conforme o desempenho ambiental de cada país. Se o desmatamento subir, o pagamento diminui. Governos com taxa de perda florestal acima de 0,5% ficam fora do programa.
Ademais, com o fundo totalmente capitalizado, os rendimentos podem gerar até US$ 4 bilhões por ano. Pelo menos 20% desses recursos irão para povos indígenas e comunidades locais, o que representa cerca de US$ 800 milhões anuais.
Para receber os pagamentos, os países precisam ter sistemas de monitoramento por satélite, divulgar o uso dos recursos e garantir transparência nas regras de distribuição. Portanto, o dinheiro deve complementar, e não substituir, políticas nacionais de conservação.
Riscos e diferenciais do TFFF
Como depende do mercado financeiro, o TFFF está sujeito a variações de juros e crises globais. Em cenários extremos, os rendimentos podem não cobrir todos os pagamentos anuais.
Mesmo assim, o fundo adota limites de alavancagem moderados e investe apenas em títulos de renda fixa, o que reduz a exposição ao risco.
Além disso, o modelo recebeu validação técnica do Banco Mundial e de uma agência de classificação de risco. Além disso, prevê transparência total nas decisões de investimento.
Em suma, a proposta é considerada inovadora porque cria uma engenharia financeira de longo prazo para florestas tropicais. Em vez de doações, o TFFF usa títulos de dívida e juros compostos para gerar fluxo contínuo de recursos ambientais.