
- Fux vota pela nulidade do processo e questiona competência do STF
- Ministro critica condução de Moraes e ritmo acelerado do julgamento
- Divergência interna pode atrasar definição e ampliar tensões externas
O julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal ganhou contornos ainda mais tensos nesta quarta-feira (10). O ministro Luiz Fux usou seu voto para criticar diretamente a condução do relator Alexandre de Moraes. Ele também apoiou teses centrais da defesa dos réus, incluindo Jair Bolsonaro.
Fux sustentou que o processo deveria ser analisado pelo plenário do STF, e não apenas pela 1ª Turma. Também argumentou que a corte não tem competência para julgar o caso, já que a maioria dos acusados não possui foro privilegiado. Para o ministro, o ritmo imposto por Moraes comprometeu o direito de defesa, dado o volume de informações envolvido.
Choque de visões no Supremo
Logo no início de seu voto, Fux enviou recados diretos a Moraes. Ele afirmou que a missão do STF deve ser objetividade e rigor técnico, não interpretações políticas. Ele criticou a rapidez do julgamento e comparou o caso com o mensalão, que levou anos para concluir.
A crítica atingiu em cheio a estratégia do relator, que rejeitou preliminares e votou pela condenação dos oito réus do núcleo principal. Para Fux, a pressa cerceou as defesas. O ministro destacou o volume de provas e dados, cerca de 70 terabytes. Ele afirmou que isso reforça a necessidade de mais tempo e debate no plenário.
Ainda assim, Fux concordou em um ponto com Moraes e Dino: a validade da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, considerada peça-chave para a acusação.
Repercussões e próximos passos
O voto de Fux sinaliza um racha interno no Supremo e pode alimentar a narrativa da defesa de Bolsonaro de que o julgamento tem vícios processuais. Se os outros ministros apoiarem sua visão, o plenário julgará o caso, atrasando a definição.
Externamente, a movimentação tende a repercutir no campo político e diplomático. Os EUA, que já sancionaram Moraes pela Lei Magnitsky e prometeram ampliar medidas contra o ministro, podem usar as divergências internas como combustível para reforçar pressões.
Agora, o julgamento segue com os votos de Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A expectativa é de que a maioria seja formada ainda nesta semana, definindo se Bolsonaro e aliados serão condenados ou se o processo enfrentará uma reviravolta.