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Gabriel Galípolo: Quem é o novo indicado por Lula ao Banco Central?

A nomeação de Galípolo já era aguardada, mas o futuro da política sob sua liderança permanece uma incógnita para analistas e investidores.

Gabriel Galípolo
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  • O presidente Lula terá, em 2025, um aliado direto no comando do Banco Central
  • Marcando, assim, uma mudança significativa em relação aos dois primeiros anos de seu terceiro mandato, quando teve que lidar com um nome escolhido por seu antecessor, Jair Bolsonaro
  • Embora muitos aguardassem a nomeação de Gabriel Galípolo, ainda pairam incertezas sobre a direção que ele dará à política monetária

O presidente Lula terá, em 2025, um aliado direto no comando do Banco Central. Marcando, assim, uma mudança significativa em relação aos dois primeiros anos de seu terceiro mandato, quando teve que lidar com um nome escolhido por seu antecessor, Jair Bolsonaro.

Embora muitos aguardassem a nomeação de Gabriel Galípolo, ainda pairam incertezas sobre a direção que ele dará à política monetária.

Atualmente diretor de Política Monetária do BC e ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Galípolo, de 42 anos, é formado em economia pela PUC-SP. Assim, onde também obteve seu mestrado em economia política. Inicialmente, sua chegada ao Banco Central em 2023 gerou dúvidas entre muitos no mercado financeiro. Dessa forma, que questionaram sua falta de experiência técnica específica para o cargo.

No entanto, desde então, ele conseguiu dissipar parte dessas desconfianças. E assim, ganhando reconhecimento por seu perfil conciliador. Seu trânsito fácil com o presidente Lula e sua capacidade de dialogar com diferentes setores do governo e do mercado acabaram por fortalecer sua imagem como o nome mais viável para assumir a presidência do BC.

Em um dos momentos mais críticos, Galípolo teve um papel importante na negociação sobre a meta de inflação. Lula pressionou por uma meta de inflação mais alta, mas Galípolo atuou ativamente na articulação para manter o objetivo em 3%, desempenhando um papel fundamental na construção desse consenso.

Desconfortos com a lei de autonomia do BC

Lula, descontente com a taxa básica de juros fixada em 10,50%, fez críticas recorrentes ao atual presidente do Banco Central, Campos Neto. O presidente expressou frustração com a situação inédita imposta pela lei de autonomia do BC. Esta, sancionada em 2021, que impede seu indicado de assumir o comando da instituição antes de metade de seu mandato já ter transcorrido.

Às vésperas da indicação de Galípolo, a quem Lula já tinha se referido como “menino de ouro,” o presidente disse: “Na hora que tiver que reduzir a taxa de juros, ele vai ter que ter coragem de dizer que vai reduzir, na hora que precisar aumentar, ele vai ter que ter a mesma coragem e dizer que vai aumentar”.

Essa postura de Lula coincidiu com o crescimento do protagonismo de Gabriel Galípolo, que em suas declarações públicas enfatizou que um novo aumento dos juros estava sendo considerado para a próxima reunião de política monetária em setembro, dado o cenário de pressão inflacionária.

A mudança de tom chamou a atenção. E, veio acompanhada do crescente protagonismo de Gabriel Galípolo em declarações públicas. Isto, nas quais ele destacou que um aumento da taxa de juros estava em discussão para a próxima reunião de política monetária em setembro. Ainda, em resposta ao cenário desafiador da inflação.

Essa postura trouxe alívio aos ativos de risco, que vinham sofrendo com a percepção de que, após Lula conseguir emplacar a maioria de seus indicados no comitê de política monetária no próximo ano. Dessa forma, Banco Central adotaria uma postura mais branda em relação ao controle inflacionário.

“A iniciativa do Galípolo de ser mais hawkish (visão mais dura para a política monetária) demonstrou uma coragem e ou capacidade de convencimento do presidente da República bastante surpreendente, o que foi bom,” disse um agente do mercado.

“Meu medo nessa história toda é não estar assim combinado”, acrescentou.

Uma fonte afirmou que Galípolo está “evoluindo rapidamente” no Banco Central. E parece ter se alinhado à abordagem técnica da instituição, embora ainda haja incertezas sobre o futuro.

Experiências

Conhecido por suas habilidades interpessoais e escuta atenta, Galípolo acumulou experiência como assessor econômico no governo de São Paulo sob José Serra. Foi CEO do Banco Fator e fundou uma consultoria focada em parcerias público-privadas.

No Ministério da Fazenda, como secretário-executivo de Fernando Haddad, conquistou apoio no Congresso ao auxiliar na aprovação do novo arcabouço fiscal, o que fortaleceu sua imagem para assumir o comando do Banco Central.

“É bom nome, já foi sabatinado aqui, tudo tranquilo, pessoal gostou dele,” disse o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO).

“Ele é uma pessoa que conversa, e conversar significa falar e ouvir,” disse um interlocutor de Galípolo.

No próximo ano, quando sete dos nove diretores do Banco Central serão indicados por Lula, a política cambial deve atrair maior atenção, já que a volatilidade do câmbio é um ponto frequente de crítica entre economistas próximos ao PT.

Fora do cenário público, Galípolo consolidou sua proximidade com o presidente a partir de 2021. Assim, com o apoio de Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp e conselheiro de Lula, influenciado por uma visão econômica heterodoxa.

Em um dos três livros que escreveu com Belluzzo, “Manda quem pode, obedece quem tem prejuízo“, eles criticam o uso da arbitragem de juros e câmbio por empresas transnacionais, que tomam empréstimos a juros baixos em seus países de origem e lucram ao aplicar os recursos no Brasil, transformando investimentos em renda fixa sob a aparência de investimento direto.

“O Banco Central do Brasil assegura que em Pindorama os controles são eficientes. Eu acredito, canta a torcida do Galo Mineiro,” acrescentou o livro, em referência irônica ao cântico da torcida brasileira de futebol para situações difíceis.

Como diretor de política monetária, Galípolo não promoveu mudanças na política cambial do Banco Central. Assim, que optou por não intervir no mercado apesar da recente volatilidade do real, alegando ausência de disfuncionalidades. O BC também manteve os prazos dos leilões de swap cambial, apesar da autorização formal do governo para prazos mais longos. No acumulado do ano, o dólar já valorizou mais de 14% frente ao real.

Belluzzo destacou à Reuters que países com moedas mais fracas em relação ao dólar enfrentam dificuldades globais. Mas ressaltou, ainda, a importância de encontrar “fórmulas e meios para amortecer essa instabilidade.” Ele acrescentou que é possível se proteger contra essas oscilações utilizando swaps cambiais.

Sobre a gestão de Galípolo no BC, afirmou-se que ele certamente imprimirá um novo enfoque ao comportamento da autarquia enquanto instituição pública.

“Última coisa que você pode esperar dele é um gesto egótico, individualista,” disse.

Em resumo, Gabriel Galípolo

Gabriel Galípolo é um economista brasileiro que atualmente ocupa o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil. Com 42 anos, ele tem um histórico de atuação no setor público e financeiro. Formado em Economia pela PUC-SP e com mestrado em Economia Política pela mesma instituição, Galípolo trabalhou como assessor econômico no governo do estado de São Paulo. Ainda, foi CEO do Banco Fator e fundou uma consultoria especializada em parcerias público-privadas.

Sua nomeação ao Banco Central foi “amplamente esperada”, e ele é conhecido por seu perfil conciliador e por ter desempenhado um papel significativo na formulação de políticas, como a manutenção da meta de inflação. Ele consolidou sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a partir de 2021, com o apoio do professor Luiz Gonzaga Belluzzo, e é visto como alguém que pode trazer um novo enfoque ao Banco Central, especialmente com a expectativa de que será nomeado para a presidência da instituição em breve.