A transição de comando no Banco Central (BC) traz à tona a continuidade do processo de fortalecimento da autonomia técnica da autarquia, com a saída do atual presidente Roberto Campos Neto e a ascensão de Gabriel Galípolo. Em uma live promovida pelo BC, Campos Neto afirmou que a autonomia formal do Banco Central representou um avanço significativo e destacou que a instituição deve estar acima de interesses partidários e ideológicos.
Campos Neto, que deixa o cargo no final deste mês, ressaltou o papel crucial da independência do BC, defendendo uma ampliação dessa autonomia, com a inclusão de uma autonomia financeira além da operacional. “A evolução dessa discussão não está concluída”, disse, sinalizando que o debate sobre o futuro da independência do BC continua.
Galípolo assume com missão de garantir a estabilidade
A transição ocorrerá oficialmente em 1º de janeiro, quando Gabriel Galípolo assumirá a presidência do BC. Até lá, o cargo será ocupado interinamente pelo próprio Galípolo, diretor de Política Monetária. Galípolo foi nomeado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem uma relação tensa com Campos Neto, com desavenças públicas nos primeiros anos do atual governo.
O presidente Lula, por sua vez, se comprometeu, por meio de um vídeo publicado nas redes sociais, a respeitar a autonomia da autoridade monetária. Ele também destacou a confiança que tem em Galípolo para conduzir o BC de forma independente, enfatizando o compromisso com a estabilidade econômica e o combate à inflação.
O novo presidente do BC terá como desafio manter a política monetária em um cenário de inflação controlada, ao mesmo tempo em que precisará lidar com pressões políticas e econômicas, principalmente relacionadas ao ajuste fiscal e ao crescimento econômico.