
- Banco Central vendeu US$ 2 bilhões em dólar à vista e swaps reversos para conter volatilidade no mercado cambial.
- Presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que ação foi pontual, técnica e não indica tendência de novas intervenções.
- Analistas veem a medida como uma reação adequada ao pico de estresse e afirmam que ela reforça a sinalização de câmbio flutuante.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, classificou a intervenção no câmbio realizada nesta quarta-feira (25) como uma medida “pontual e isolada”. Sendo assim, a fala ocorre após o BC realizar duas operações no mercado cambial que totalizaram US$ 2 bilhões, em resposta à recente volatilidade da moeda norte-americana.
Além disso, segundo Galípolo, a medida teve como objetivo corrigir distorções momentâneas e não representa uma mudança na condução da política cambial. Assim, ele destacou que a atuação foi técnica e reativa, sem qualquer sinalização de continuidade ou viés intervencionista.
Venda à vista e swap reverso somaram US$ 2 bilhões
O Banco Central dividiu a operação em dois leilões simultâneos. Então, no primeiro, a autoridade monetária vendeu US$ 1 bilhão à vista, aceitando oito propostas. Já no segundo, executou uma operação de swap cambial reverso, também no valor de US$ 1 bilhão, por meio de 20 mil contratos com vencimento para 1º de agosto de 2025.
Ademais, a data de início dos contratos foi fixada para 26 de junho. Nesse sentido, a modalidade de swap reverso tem o efeito de retirar liquidez do mercado futuro de dólar, ao mesmo tempo em que injeta reais na economia. Logo, essa ferramenta é usada tradicionalmente para conter pressões especulativas de curto prazo sobre o câmbio.
Desse modo, a movimentação ocorreu em um momento de oscilação no mercado financeiro, influenciado por incertezas externas e pressões políticas domésticas. A moeda americana chegou a ultrapassar os R$ 5,50 durante a semana, o que acendeu alertas entre agentes econômicos.
Galípolo reforça caráter técnico e isolado da medida
“O que aconteceu nesta semana foi uma questão totalmente pontual e isolada”, afirmou Galípolo, em declaração oficial após as operações. Ele ressaltou que o BC segue comprometido com o regime de câmbio flutuante, mas que tem o dever de agir em momentos em que há distorções excessivas ou disfuncionalidade no mercado.
Ademais, de acordo com ele, o mercado está ciente de que o BC possui instrumentos para mitigar volatilidades excessivas, sempre com foco em estabilidade e previsibilidade. Sendo assim, Galípolo também frisou que não houve nenhuma mudança na estratégia de atuação do banco e que o leilão não representa sinalização de um novo ciclo de intervenções.
“Nosso papel é garantir o bom funcionamento do mercado. Atuamos apenas quando há necessidade clara, como foi o caso desta semana”, disse. A declaração foi bem recebida por analistas e investidores, que já consideravam a medida como uma resposta pontual a um pico de estresse.
Mercado monitora próximos passos da autoridade monetária
Apesar do caráter técnico da medida, a intervenção levantou questionamentos entre operadores e investidores sobre a possibilidade de novas ações em caso de deterioração no cenário externo. Com a aproximação do segundo semestre, há expectativa sobre decisões do Federal Reserve (Fed) e seus impactos no real.
Além disso, fatores internos como incertezas fiscais e debates em torno da política monetária também contribuem para a instabilidade. No entanto, o consenso entre economistas é que o BC agiu dentro de sua prerrogativa legal e mostrou capacidade de resposta diante de choques repentinos.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para julho, pode trazer novas sinalizações sobre o olhar da autoridade monetária frente ao cenário cambial. Por ora, Galípolo reafirma que o Banco Central seguirá atuando de forma pontual, com base em critérios técnicos e sem abandonar o compromisso com a transparência.