Mudança nas regras de eficiência energética para fabricação de geladeiras no Brasil pode resultar em aumento de preços.
O governo federal do Brasil implementou novas regras de eficiência energética para refrigeradores domésticos, visando economia na conta de energia elétrica dos consumidores. No entanto, a indústria prevê um aumento significativo nos preços das geladeiras.
A resolução, que aprova o novo Programa de Metas para Refrigeradores e Congeladores, estabelece índices de eficiência energética mais rigorosos. A Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) alerta para um possível aumento abrupto nos preços, afetando principalmente a população de renda mais baixa.
Regras mais rígidas de eficiência energética podem impactar preços de geladeiras
A recente mudança nas regras de eficiência energética para a fabricação de geladeiras no Brasil, implementada pelo governo federal, está gerando preocupações no setor de eletrodomésticos.
A resolução, que entrou em vigor no último dia 8, visa tornar os refrigeradores domésticos mais eficientes e alinhar o país às práticas internacionais de sustentabilidade. No entanto, a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) prevê um aumento significativo nos preços das geladeiras, impactando especialmente os consumidores de menor renda.
Atualmente, uma geladeira frost-free básica é vendida por cerca de R$ 1.800, mas com as novas regras, o preço pode variar entre R$ 5.280 e R$ 7.920, o que representa um aumento de 4 a 6 vezes o salário mínimo nacional.
A Eletros argumenta que a mudança nas regras impõe prazos curtos para atingir metas rigorosas, resultando em custos de produção mais altos e, consequentemente, preços mais elevados para os consumidores.
Além disso, a entidade aponta que os novos índices de eficiência eliminarão cerca de 83% dos refrigeradores atualmente vendidos no Brasil.
A Eletros planeja buscar o governo federal para discutir os impactos negativos previstos e espera que a medida seja revisada. Enquanto o governo destaca os benefícios ambientais e de economia de energia, a indústria e os consumidores enfrentam o desafio de se adaptar a essas novas exigências com potenciais implicações financeiras.
Economistas temem aumento de gastos e carga tributária em 2024
O ano de 2024 se desenha como um período desafiador para a economia brasileira, com expectativas de tensões decorrentes de incertezas fiscais e mudanças na presidência do Banco Central. Segundo Armando Castelar, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), o cenário político, marcado pelas eleições municipais, pode levar o governo federal a aumentar os gastos e tentar elevar a carga tributária para equilibrar as contas. No entanto, a tolerância para o aumento de impostos está diminuindo, o que pode gerar incertezas significativas para os investidores.
A transição na presidência do Banco Central também é apontada como uma fonte potencial de volatilidade. Essa mudança pode trazer incertezas ao mercado, afetando as decisões de investimento e a estabilidade econômica. O desafio fiscal é destacado como o principal problema, com a credibilidade do arcabouço fiscal brasileiro em risco e poucas expectativas de que o governo atinja a meta de déficit fiscal primário zero em 2024.
Apesar desses desafios, o cenário externo tem sido relativamente favorável ao Brasil. O país se destaca positivamente em comparação com outros mercados emergentes, como Turquia, Argentina e Rússia. Isso tem ajudado a manter a estabilidade do câmbio e a precificação de ativos brasileiros. Além disso, o saldo comercial recorde e a redução do déficit em conta-corrente contribuem para uma visão mais otimista do cenário econômico.
No entanto, a política monetária doméstica permanece uma incógnita. José Julio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do FGV/Ibre, prevê mais três cortes de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, mas ressalta a dificuldade de prever os movimentos futuros do Banco Central devido ao alto grau de incerteza. A política monetária dos Estados Unidos também é uma variável importante, com expectativas de que o Federal Reserve possa ajustar sua postura em resposta às condições do mercado.
A economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto, elevou a projeção de crescimento do PIB brasileiro para 2023 de 2,7% para 2,9%, mas alerta para os riscos de uma desaceleração da atividade econômica. Ela aponta que o governo pode buscar estimular a economia com expansão fiscal, o que poderia prejudicar o combate à inflação.