
- Companhia aérea enfrenta resultado negativo após terminar janeiro com prejuízo de apenas R$10 milhões
- Ebitda da Gol recua 70% em fevereiro, indicando desafios no controle de custos e manutenção da eficiência
- Gol segue com o foco na reestruturação das dívidas enquanto tenta estabilizar suas finanças
A Gol Linhas Aéreas apresentou um prejuízo de R$552 milhões em fevereiro, revertendo o equilíbrio financeiro que havia registrado em janeiro. Os dados constam em relatório enviado nesta segunda-feira (8) à Justiça norte-americana, que acompanha o processo de recuperação judicial da companhia nos Estados Unidos.
O resultado negativo evidencia os desafios enfrentados pela aérea em meio a um cenário de reestruturação financeira e alta competitividade no setor. Segundo o documento, a empresa havia encerrado janeiro com prejuízo de apenas R$10 milhões, um número considerado estável diante do histórico recente.
No entanto, o desempenho financeiro desandou no mês seguinte, pressionando os números da companhia e sinalizando dificuldades na busca por estabilidade em curto prazo.
A Gol também registrou queda no caixa total, que passou de R$2,09 bilhões em janeiro para R$1,9 bilhão em fevereiro, uma retração de quase R$200 milhões.
Mesmo com receitas em crescimento, o aumento dos custos operacionais, os efeitos cambiais e o impacto de compromissos financeiros elevados afetaram diretamente o resultado líquido da companhia.
Em processo de reestruturação desde janeiro deste ano, a Gol tenta reorganizar suas dívidas e garantir liquidez para manter a operação regular enquanto negocia com credores e investidores.
Ebitda sofre queda acentuada
Além do prejuízo elevado, o relatório destacou uma redução significativa no Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia. No acumulado de janeiro e fevereiro, o Ebitda totalizou R$934 milhões.
No entanto, o valor mostra uma desaceleração expressiva ao passar de R$735 milhões em janeiro para R$199 milhões em fevereiro.
Esse recuo de mais de 70% em apenas um mês reforça o ambiente de pressão sobre a eficiência operacional da companhia aérea. Com custos altos de manutenção, leasing e combustíveis, além da instabilidade cambial, a Gol enfrenta um desafio para preservar margens positivas em um mercado que exige tarifas competitivas para manter sua base de clientes.
O desempenho negativo de fevereiro também pode refletir a sazonalidade do setor, já que o primeiro trimestre costuma ser mais fraco em termos de demanda. Ainda assim, a diferença brusca entre os dois meses do bimestre levanta um sinal de alerta sobre a sustentabilidade financeira da companhia nos próximos períodos.
Recuperação judicial segue como foco
Em recuperação judicial nos Estados Unidos desde janeiro, a Gol mantém como prioridade a reestruturação de suas dívidas, que somam bilhões de reais com credores diversos.
A companhia busca renegociar termos de pagamentos, alongar prazos e captar recursos para manter suas operações, enquanto tenta restabelecer a confiança do mercado.
O prejuízo elevado de fevereiro dificulta o processo de retomada e pressiona a direção da empresa a acelerar medidas de contenção de custos e busca por eficiência.
O relatório enviado à Justiça também serve como uma prestação de contas sobre a saúde financeira da companhia. Dessa forma, que precisa demonstrar viabilidade para seguir operando enquanto tenta reverter sua condição judicial.
A Gol ainda enfrenta um ambiente competitivo com rivais como Azul e Latam, que disputam mercado com estratégias agressivas. A manutenção de sua malha aérea, a estabilidade nos voos e o atendimento ao cliente seguem como pilares para evitar uma perda maior de participação no setor.
Com o caixa encolhendo e os resultados pressionados, a Gol entra no segundo trimestre do ano com o desafio de encontrar um caminho mais sustentável para sua recuperação. Assim, equilibrando operações, renegociações e estratégias comerciais em um setor que não perdoa fraquezas.