Gol já perdeu R$ 2 bilhões em valor de mercado em 2024: "dá para piorar"?

A Gol Linhas Aéreas, uma das principais companhias aéreas do Brasil, enfrenta um período crítico em sua trajetória financeira. Segundo Einar Riveiro, diretor da Elos Ayta Consultoria, a empresa perdeu mais de R$ 2 bilhões em valor de mercado em 2024, aproximando-se do valor de mercado da CVC (CVCB3). Esta situação alarmante se agravou com o recente pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, aprovado no final de janeiro.

A recuperação judicial da Gol vem em um momento onde a empresa declara uma dívida astronômica de R$ 20 bilhões, com R$ 3 bilhões com vencimentos no curto prazo. O cenário instável tem levado várias corretoras a rebaixarem a recomendação das ações da companhia para venda, ou até mesmo a interromperem a cobertura da mesma, como é o caso do BB Investimentos. A corretora destaca que, dada a magnitude do endividamento da Gol em relação à sua geração de caixa (aproximadamente 5,0 de dívida líquida/Ebitda UDM no 3T23), existe uma possibilidade real de conversão de parte da dívida em ações.

Nesse contexto, se o controlador da Gol, ABRA, que detém US$ 1,2 bilhão em títulos de dívida, optar pela conversão, espera-se um fator de diluição superior a 60% para os acionistas atuais, com um preço-alvo reduzido para R$ 2,40. Essa perspectiva sombria levou o Bradesco a cortar o preço-alvo da Gol de R$ 10 para R$ 1, enfatizando o risco de liquidez enfrentado pela companhia aérea.

A situação da Gol é ainda mais complicada considerando-se os cerca de R$ 25 bilhões em reestruturação de passivos. A conversão dos US$ 2,3 bilhões de dívida em patrimônio, composta por US$ 950 milhões de financiamento DIP, US$ 1,2 bilhão em “notas garantidas sênior” (ESSN) de 2028, e US$ 100 milhões em passivos de arrendamento de aeronaves, provavelmente resultará na diluição dos acionistas minoritários.

Em resposta aos questionamentos do Money Times, a Gol manteve uma postura de respeito às opiniões dos analistas de mercado, sem comentá-las diretamente. A companhia enfatiza sua dedicação à transparência e às melhores práticas de governança corporativa. A reestruturação, segundo a empresa, visa viabilizar seu crescimento futuro, endereçando sua estrutura de capital para alcançar melhores resultados a longo prazo.

No entanto, a realidade financeira da Gol continua preocupante. A companhia divulgou informações preliminares não auditadas sobre o resultado do quarto trimestre, revelando um patrimônio líquido negativo de R$ 23,35 bilhões – um aumento de 6% em relação ao patrimônio líquido negativo de R$ 22 bilhões do terceiro trimestre. Paralelamente, o total de ativos da companhia diminuiu 2,1%, de R$ 17,2 bilhões para R$ 16,8 bilhões.

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