
- Relatório da PF aponta que Bolsonaro buscou apoio de Trump para pressionar STF com tarifas
- Malafaia, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo aparecem como articuladores nos EUA
- PGR pode abrir nova acusação, ampliando riscos criminais e diplomáticos para o ex-presidente
A Procuradoria-Geral da República (PGR) avalia abrir uma nova acusação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nesse sentido, o movimento ocorre após relatório da Polícia Federal apontar sua participação em articulações para envolver o ex-presidente americano Donald Trump em pressões contra o Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo os investigadores, a estratégia tinha como meta atrelar a suspensão de tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil à concessão de uma anistia ampla. Essa medida beneficiaria acusados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Relatório da PF e indiciamentos
De acordo com a Polícia Federal, Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o pastor Silas Malafaia discutiram formas de usar sanções econômicas dos EUA como instrumento de coação contra o STF.
Mensagens obtidas pela investigação indicam que Malafaia sugeriu que ministros da Corte e suas famílias fossem alvo direto de retaliações. Assim, o ministro Alexandre de Moraes classificou as condutas do pastor como “claros e expressos atos executórios” de crimes de coação no curso do processo e de obstrução de investigação.
Desse modo, o relatório também cita o comentarista Paulo Figueiredo. Ele teria atuado, ao lado de Eduardo Bolsonaro, para buscar apoio político nos Estados Unidos e reforçar a pressão sobre o Judiciário brasileiro.
Pressão internacional e risco de novos crimes
Para os investigadores, a tentativa de usar tarifas e sanções externas contra ministros do STF pode configurar novos crimes. Isso amplia o alcance das acusações que Bolsonaro pode enfrentar na PGR.
Ademais, esse movimento ocorre em paralelo ao indiciamento já formalizado contra o ex-presidente e seu filho Eduardo. Ambos são acusados de coação no curso do processo da trama golpista e já respondem como réus pela tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Portanto, caso a acusação sobre pressões internacionais seja confirmada, o episódio ganha caráter inédito. Isso aproximaria a investigação de temas sensíveis da diplomacia entre Brasil e Estados Unidos.
Reação de Eduardo Bolsonaro
Em nota nas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que sua atuação nos EUA nunca teve o objetivo de interferir em processos no Brasil. Segundo ele, a intenção foi “restabelecer as liberdades individuais no país”.
Além disso, Eduardo chamou o indiciamento de “absolutamente delirante” e destacou que, por viver nos Estados Unidos, estaria protegido pela legislação local.
O deputado classificou como “lamentável e vergonhoso” o fato de a PF tratar conversas privadas entre pai e filho como crime. “O objetivo é evidente: não se trata de justiça, mas de provocar desgaste político”, declarou. Por fim, ironizou: “Se meu crime for lutar contra a ditadura brasileira, declaro-me culpado de antemão”.