
O governo Lula passou oito meses sem divulgar informações sobre pagamentos de honorários advocatícios feitos pela Advocacia-Geral da União (AGU). A cifra é estarrecedora: R$ 2,5 bilhões em verbas públicas foram mantidos sob sigilo entre dezembro de 2024 e julho de 2025.
O valor voltou a aparecer no Portal da Transparência somente nesta terça-feira (16/7), após pressão da sociedade e da imprensa. Até então, nenhuma prestação de contas havia sido feita — e os dados ficaram ocultos desde a implementação do novo sistema do Ministério da Gestão.
Ministro da AGU recebeu bônus enquanto verba estava em sigilo
Enquanto o valor bilionário permanecia fora do radar da população, o próprio ministro da AGU, Jorge Messias, foi beneficiado. Ele recebeu R$ 21.096,23 em honorários advocatícios apenas no mês de maio, com recursos cuja origem estava escondida.
Mais grave ainda: há registros de servidores que embolsaram até R$ 478 mil em um único mês. Em outubro de 2024, 33 integrantes da AGU ultrapassaram os R$ 100 mil em pagamentos, sendo que um deles chegou a embolsar mais de meio milhão de reais (R$ 517 mil).
Além dos pagamentos em si, os valores ainda inflaram outros benefícios, como o terço de férias, o que levanta fortes indícios de uso abusivo da verba pública.
Contradição explícita: Lula prometeu “revogaço” de sigilos
Durante a campanha presidencial de 2022, Lula criticou duramente o uso de sigilos na gestão Bolsonaro e prometeu abrir todos os dados assim que assumisse. Na prática, o que se viu foi o contrário: bilhões pagos a servidores do alto escalão foram ocultados deliberadamente.
O Portal da Transparência ficou sem qualquer informação sobre os honorários da AGU por mais de 240 dias. O governo alega problemas no sistema, mas nunca ofereceu uma explicação concreta para a omissão — especialmente diante de um valor tão expressivo.
Corrupção institucionalizada
A falta de transparência neste caso levanta sérias suspeitas de corrupção institucionalizada e enriquecimento ilícito dentro do governo. O uso de recursos públicos para beneficiar servidores — com valores muito acima da média salarial do funcionalismo — contraria qualquer compromisso com a ética e a responsabilidade fiscal.
O escândalo acontece num momento em que o Palácio do Planalto discute cortes de gastos, aperto nas contas públicas e busca por novas fontes de arrecadação. A incoerência é clara: cobra-se mais da população enquanto se esconde pagamentos milionários dentro do próprio governo.
Resumo dos principais pontos:
- Governo Lula manteve em sigilo R$ 2,5 bilhões em pagamentos da AGU por 8 meses.
- Ministro Jorge Messias e dezenas de servidores receberam supersalários com verba fora do Portal da Transparência.
- Caso gera suspeitas graves de corrupção, fraude institucional e uso indevido de dinheiro público.