
- Governo federal já gastou quase R$ 1 bilhão com viagens em 2025, entre passagens e diárias.
- Ministérios ampliados e retomada da mobilidade pós-pandemia explicam o salto nos gastos.
- Críticas crescem sobre a real necessidade dos deslocamentos, em meio a um cenário fiscal apertado.
O Governo Lula já comprometeu mais de R$ 800 milhões com viagens apenas nos primeiros sete meses de 2025. A cifra, que cresce mês a mês, inclui passagens aéreas, diárias e outros custos de deslocamento de servidores e autoridades públicas. Se o ritmo for mantido, os gastos com viagens devem ultrapassar a casa do bilhão até dezembro.
Segundo levantamento divulgado pelo jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, esse montante representa o maior gasto da União com viagens desde o início da série histórica em 2011. O número reforça críticas à expansão da estrutura pública e à política de deslocamentos presenciais adotada no atual governo.
Viagens já se aproximam de R$ 1 bilhão
No detalhamento das despesas, aproximadamente R$ 246 milhões foram gastos com passagens aéreas, enquanto outros R$ 435 milhões saíram dos cofres públicos em forma de diárias pagas a servidores em missão oficial. Os valores incluem tanto viagens domésticas quanto internacionais.
Em comparação, o total desembolsado com viagens em todo o ano de 2024 foi de R$ 2,36 bilhões, o que demonstra que 2025 poderá superar esse patamar com folga. Ainda mais impressionante: o 1º trimestre deste ano sozinho já somava quase R$ 800 milhões, valor inédito para o período.
Estrutura inchada e ministérios turbinados
Um dos fatores apontados para a explosão de despesas é o aumento no número de ministérios, que saltaram de 23 para 38 desde a posse de Lula. Com mais pastas, há também mais viagens oficiais, mais agendas internacionais e maior demanda por deslocamentos em todo o território nacional.
Outro ponto é a recuperação das viagens presenciais após o período de pandemia, que havia limitado fortemente deslocamentos em 2020 e 2021. Enquanto o 1º trimestre de 2021 teve R$ 195 milhões em gastos com viagens, o mesmo período em 2025 já ultrapassava os R$ 789 milhões — alta real de 29,1% em relação ao ano anterior.
Viagens internacionais: quase R$ 92 milhões
As missões fora do Brasil também têm um peso relevante. Estimativas do governo apontam que quase R$ 92 milhões já foram desembolsados apenas com viagens internacionais realizadas por servidores, ministros e comitivas oficiais.
As idas ao exterior incluem agendas presidenciais, cúpulas multilaterais, reuniões de ministros e eventos técnicos. No entanto, críticos afirmam que muitas dessas viagens poderiam ser substituídas por reuniões virtuais, o que pouparia recursos públicos em meio a um cenário fiscal delicado.
Cresce pressão por mais transparência
Parlamentares da oposição e órgãos de controle vêm cobrando maior transparência e racionalidade no uso dos recursos públicos. Eles argumentam que, embora algumas viagens sejam necessárias, o volume atual sugere falta de critérios claros e planejamento.
Além disso, há questionamentos sobre o retorno prático dessas despesas e o impacto efetivo das agendas realizadas com dinheiro público.
“É preciso separar o que é missão de Estado do que é turismo político”, disse um deputado federal ao comentar os dados.