Resposta oficial

Governo Lula rebate The Economist após críticas sobre política externa e popularidade

Chanceler Mauro Vieira defende postura do presidente e afirma que Brasil é exemplo de coerência democrática e compromisso com o multilateralismo.

Crédito: Depositphotos
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  • Chanceler Mauro Vieira respondeu às críticas da The Economist, defendendo coerência da política externa do governo Lula.
  • Revista britânica apontou impopularidade interna e postura agressiva no exterior, citando Brics e distanciamento dos EUA.
  • Governo reforçou compromisso com o direito internacional, G20, e propôs taxação global de bilionários como resposta ousada.

O governo brasileiro respondeu com firmeza à revista britânica The Economist, após publicação que criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No artigo, Lula foi descrito como “impopular em casa” e “incoerente no exterior”, gerando reação imediata do Itamaraty.

Nesse sentido, a resposta veio por meio de uma carta assinada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. No texto, o chanceler defende o papel internacional do Brasil, rebate as críticas sobre os Brics e reforça o compromisso do país com democracia, paz e governança global equilibrada.

Críticas da revista incomodam Planalto

A reportagem da The Economist, publicada em 29 de junho, acusou Lula de exagerar o papel internacional do Brasil. Segundo a revista, o presidente deveria “parar de fingir que o Brasil é relevante nas guerras do Oriente Médio e da Europa” e se concentrar em assuntos internos.

Além disso, o texto critica a aproximação de Lula com líderes de países do Oriente, enquanto o presidente brasileiro não se encontrou oficialmente com Donald Trump, atual líder dos Estados Unidos. Para a publicação, isso isola o Brasil das democracias ocidentais e o aproxima de nações autocráticas.

Outro ponto de atrito foi a condenação do governo brasileiro aos ataques dos EUA contra o Irã. A posição do Itamaraty foi considerada “exagerada” e “fora de contexto” pela revista, que afirmou que o Brasil já não exerce influência internacional como fazia em gestões anteriores.

Mauro Vieira reage e afirma coerência

Em sua carta-resposta, Mauro Vieira rejeitou todas as acusações. De acordo com o chanceler, o Brasil não escolhe quando aplicar o direito internacional. Por isso, classificou como “flagrante transgressão” o ataque às instalações nucleares iranianas, reforçando que Lula é defensor da Carta da ONU.

Além disso, o ministro destacou que o presidente tem autoridade moral reconhecida globalmente. Segundo ele, poucos líderes mantêm coerência nos quatro pilares que sustentam a humanidade: democracia, paz, sustentabilidade e multilateralismo. “Lula construiu consensos no G20 e lidera os Brics com clareza de propósito”, afirmou.

Vieira também citou a proposta brasileira de taxação de bilionários, classificada como “ousada” e incômoda para as elites. A medida, segundo ele, demonstra o compromisso do governo com um mundo mais justo e equilibrado, o que incomoda setores tradicionais do poder internacional.

Popularidade contestada e resposta indireta

A revista britânica também questionou a popularidade de Lula dentro do Brasil. Embora Mauro Vieira não tenha respondido diretamente sobre pesquisas de opinião, ele argumentou que a liderança de Lula é respeitada entre defensores dos direitos humanos, empresários e acadêmicos ao redor do mundo.

Ademais, o ministro lembrou ainda que, em 2023, o Brasil condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia, mantendo coerência diplomática. Ao mesmo tempo, defendeu que é preciso abrir espaço para soluções negociadas e não recorrer exclusivamente a sanções e confrontos militares.

Desse modo, outro trecho da carta diz que o Brasil não adota “interpretações elásticas do direito de autodefesa” e não ignora o papel da diplomacia. Por isso, reiterou que o país continuará atuando em fóruns multilaterais e sendo voz ativa em defesa de acordos e da paz global.

Governo amplia tom e desafia padrões

O chanceler encerra a carta com tom mais duro, sugerindo que Lula “não é popular entre negacionistas climáticos” e líderes comprometidos com a corrida armamentista. Na visão de Mauro Vieira, o presidente brasileiro está entre os poucos que denunciam o desvio de recursos da luta contra a fome para o investimento em destruição bélica.

Segundo ele, o respeito internacional a Lula se deve justamente ao fato de o Brasil ser um país sem inimigos, que propõe soluções e busca o equilíbrio. A crítica da revista, portanto, teria mais relação com desconfortos ideológicos do que com fatos objetivos.

O episódio reforça a tensão entre a diplomacia brasileira e parte da imprensa estrangeira. Ainda assim, o governo optou por responder de forma institucional, com argumentos e dados, sem recorrer ao confronto direto, como ocorreu em outras gestões.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.