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Governo Lula super aumenta salários de aliados; Ganhos podem superar R$ 80 mil

Mais de 300 aliados do governo Lula, incluindo ministros e assessores, recebem bônus polpudos por participar de conselhos de empresas estatais ou privadas com participação da União. Essa renda extra, que pode elevar salários mensais para mais de R$ 80 mil, levanta questionamentos sobre a qualificação técnica dos nomeados versus o critério político.

Lula
Lula - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Uma investigação recente revelou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está garantindo uma renda extra significativa para pelo menos 323 aliados políticos. Essas pessoas foram nomeadas para fazer parte de conselhos de administração ou fiscais de empresas estatais, ou mesmo de companhias privadas onde o governo tem participação como acionista.

Esses cargos em conselhos funcionam de uma maneira peculiar: os membros recebem pagamentos, conhecidos como “jetons”, apenas por participarem das reuniões periódicas desses grupos. A frequência dessas reuniões varia bastante, dependendo das regras de cada empresa. O resultado? Para muitos desses indicados, os salários podem dar um salto impressionante, chegando a ultrapassar os R$ 80 mil mensais quando somados aos seus vencimentos normais.

Quem são esses beneficiados?

A lista é extensa e inclui ministros de Estado, secretários-executivos, chefes de gabinete, assessores diretos do Palácio do Planalto, servidores que ocupam cargos de confiança (comissionados), dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT), ex-parlamentares do partido e até mesmo pessoas indicadas por lideranças importantes do Congresso Nacional.

O Palácio do Planalto afirma que todas as nomeações seguem as regras estabelecidas pela Lei das Estatais. Além disso, garante que os indicados passam por uma avaliação de comitês internos das próprias empresas, que verificam se os nomes cumprem os requisitos legais.

A apuração desses dados foi feita pelo jornal O Estado de S. Paulo, que utilizou a Lei de Acesso à Informação (LAI) e cruzou informações de diversas fontes ao longo do último mês. Foram considerados conselheiros com mandatos ativos até 15 de abril deste ano e que possuem ou já tiveram vínculos políticos com o atual governo Lula ou com partidos da base aliada.

Normalmente, os conselhos fiscais e de administração são órgãos cruciais para definir os rumos estratégicos de uma empresa. No setor privado, é comum que esses postos sejam ocupados por profissionais com vasta experiência em gestão e conhecimento profundo do setor em que a companhia atua. No entanto, nas empresas com influência do governo, a prática de distribuir essas vagas para aliados políticos, muitas vezes sem as credenciais técnicas específicas, parece ser uma forma de complementar salários e fortalecer laços políticos.

Um exemplo é Débora Raquel Cruz Ferreira, chefe de gabinete na Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST). Formada em jornalismo, ela ocupa um assento no conselho da Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPROM), uma estatal ligada à Marinha e focada na indústria militar naval. Seu histórico profissional anterior inclui assessoria de imprensa em ministérios e outros órgãos públicos.

Outro caso é o de Lucas Monteiro Costa Dias, diretor na Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom). Bacharel em história e com experiência em assessoria política, ele se tornou conselheiro fiscal da Caixa Cartões, uma subsidiária da Caixa Econômica Federal. Essa posição lhe rende uma renda extra mensal de R$ 5.430,87, o tal “jeton”. Seu currículo destaca habilidades em relações públicas e ONGs, atividades distintas do mercado de meios de pagamento da empresa.

Há também indicações que cruzam fronteiras estaduais, como a de Felipe Matos, secretário de Desenvolvimento Econômico de Recife (PE), nomeado para o conselho da Companhia das Docas do Rio Grande do Norte (Codern) pelo Ministério de Portos e Aeroportos, pasta comandada por Silvio Costa Filho (Republicanos), também de Pernambuco.

O governo defende essas práticas, argumentando que “é cada vez mais recomendado que os conselhos tenham profissionais de diferentes formações”, alinhando-se às melhores práticas de governança corporativa para garantir a sustentabilidade das empresas. A Prefeitura de Recife também defendeu a qualificação de Matos na área de concessões.

Especialistas, como Sandro Cabral do Insper e Luis André Azevedo da FGV-SP, apontam que, embora a lei possa ter brechas, a escolha de conselheiros deveria priorizar o princípio da eficiência para a administração pública. Azevedo ressalta que “gera estranheza ver pessoas que não têm” experiência ou formação sênior nesses cargos importantes.

A prática se estende até o primeiro escalão. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, formada em letras e com atuação prévia como professora e diretora de ONG, foi nomeada para o conselho da Tupy, uma metalúrgica multinacional. No ano passado, os conselheiros da Tupy receberam, em média, R$ 39 mil por mês cada um. Outros ministros, como Carlos Lupi (Previdência) e Vinícius Marques de Carvalho (CGU), também estão no conselho da Tupy, com Carvalho acumulando ainda um assento na Brasilcap. Somando tudo, seu contracheque pode chegar a R$ 83 mil.

Além dos ministros, assessores de figuras importantes do Congresso, como Davi Alcolumbre (União-AP), Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL), também garantiram vagas em conselhos de estatais como PPSA, Caixa Loterias, Eletronuclear e Brasilcap, com ganhos extras mensais que ultrapassam os R$ 10 mil. Lideranças do PT, como a tesoureira Gleide Andrade (Itaipu) e ex-deputados, também foram contempladas.

No total, 13 ministros ocupam cargos em conselhos. Cinco deles estão em Itaipu Binacional, que paga cerca de R$ 34 mil por reunião bimestral. Outros estão no Sistema S (SESC e Senac), com ganhos que podem superar R$ 28 mil mensais, e em subsidiárias do Banco do Brasil ou empresas privadas como a Elo Serviços (Simone Tebet) e a Vale (Dario Durigan, número 2 da Fazenda).

Fernando Américo
Fernando Américo

Sou amante de tecnologias e entusiasta de criptomoedas. Trabalhei com mineração de Bitcoin e algumas outras altcoins no Paraguai. Atualmente atuo como Desenvolvedor Web CMS com Wordpress e busco me especializar como fullstack com Nodejs e ReactJS, além de seguir estudando e investindo em ativos digitais.

Sou amante de tecnologias e entusiasta de criptomoedas. Trabalhei com mineração de Bitcoin e algumas outras altcoins no Paraguai. Atualmente atuo como Desenvolvedor Web CMS com Wordpress e busco me especializar como fullstack com Nodejs e ReactJS, além de seguir estudando e investindo em ativos digitais.