
O jornalista Paulo Figueiredo — denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por participação na trama golpista — revelou em uma transmissão ao vivo na última quarta-feira (16) que a Casa Branca teria sugerido um acordo de asilo nos Estados Unidos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), com direito a proteção contra ações da Interpol. A proposta, no entanto, teria sido recusada pela família Bolsonaro.
Segundo Figueiredo, a sugestão foi feita durante uma reunião em Washington com representantes do Departamento de Estado e da própria Casa Branca. Ao lado de Eduardo Bolsonaro, o jornalista relatou o episódio em seu programa, o Paulo Figueiredo Show.
“Tinha oito pessoas do Departamento de Estado, mas também uma da Casa Branca. Ela virou e falou: ‘E se fosse oferecido algum acordo de liberdade para o seu pai vir exilado aos Estados Unidos e livrássemos vocês dois da Interpol?’”, contou Figueiredo.
“Fora de cogitação”, respondeu Eduardo, reforçando que a aposta do grupo é em uma “anistia ampla, geral e irrestrita”.
Suprema pressão
O episódio veio a tona poucas horas depois de a Polícia Federal cumprir, nesta sexta-feira (18), mandados de busca e apreensão contra Jair Bolsonaro. O ex-presidente foi alvo de medidas restritivas autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que incluem uso de tornozeleira eletrônica, proibição de uso de redes sociais e de contato com embaixadores ou diplomatas. Também está proibido de sair de Brasília ou de se comunicar com Eduardo Bolsonaro.
Durante coletiva à imprensa após a operação, Jair Bolsonaro negou qualquer plano de fuga ou pedido de asilo e classificou a situação como uma “suprema humilhação”. Ao ser questionado sobre os US$ 14 mil encontrados em sua residência, disse que “sempre guardou dólar em casa”.
Histórico de refúgio e risco de fuga
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro se aproxima de embaixadas em meio a investigações. Após ter o passaporte apreendido em 2024, ele passou duas noites na embaixada da Hungria em Brasília, como revelou o New York Times.
A PF considera que há risco concreto de tentativa de fuga, o que fundamentou a adoção das novas medidas.
O inquérito que gerou a decisão do STF também mira Eduardo Bolsonaro, investigado por obstrução de Justiça, coação no curso do processo e ataque à soberania nacional.
A atuação do deputado junto a políticos estrangeiros e aliados da extrema-direita internacional vem sendo acompanhada com atenção por investigadores brasileiros.
Trump em defesa de Bolsonaro e tarifaço contra o Brasil
Do lado norte-americano, o presidente Donald Trump tem mantido uma ofensiva retórica e comercial em apoio ao aliado brasileiro. Na semana passada, o republicano acusou o STF de promover uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro. Na sequência, anunciou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, ampliando o clima de tensão diplomática.
Em carta divulgada na quinta-feira (17), Trump justificou a retaliação com base em “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres” e criticou decisões do Supremo que afetariam os interesses das big techs. O texto ainda cita o “julgamento injusto” de Bolsonaro e afirma que os EUA estarão “acompanhando de perto” os desdobramentos.