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Grandes gestores de ETFs cripto no Brasil falam sobre exposição à exchange Gemini

Foto/Reprodução GDI
Foto/Reprodução GDI

Depois do colapso da FTX que vem trazendo um efeito dominó ao mercado, com diversas outras empresas cripto sendo afetadas pela falência da, até então, terceira maior exchange do mundo, os investidores passaram a ficar mais cautelosos e buscam saber quais são os envolvimentos diretos e indiretos que as empresas possam ter com a FTX.

Um exemplo do problema causado por todo esse colapso da FTX, foi o anúncio que a empresa Genesis estaria paralisando os saques de seus clientes devido a problemas envolvendo a exchange falida.

A notícia, obviamente, foi uma surpresa para o mercado, tendo em vista o tamanho da companhia que é um importante player do ecossistema. Várias empresas que trabalham com rendimentos em criptomoedas utilizavam os serviços da plataforma.

Com isso, o medo só aumentou e ainda mais investidores começaram a questionar até onde pode ir esse rombo no ecossistema cripto.

No Brasil, não demorou muito para rumores surgirem, os principais alvos eram os ETFs. Aqui, o HASH11 foi o primeiro fundo de índice da América Latina a acompanhar o preço de criptoativos.

O índice escolhido foi o Nasdaq Crypto Index (NCI), uma cesta que segue o desempenho de 11 diferentes criptoativos.

Segundo o Cointelegraph, na página dedicada ao índice, dentro do site da Nasdaq, a Gemini é mencionada duas vezes: dentro da categoria de “principais exchanges” e da categoria “principais custodiantes”.

Para você que não sabe, a Gemini, que é uma grande corretora de criptomoedas nos EUA, anunciou no dia 16 desse mês, que saques do seu programa de rendimentos, Gemini Earn, atrasariam em razão de problemas com outro player do mercado, a Genesis. Seria ela, mais uma exchange falindo depois da FTX?

Em entrevista ao portal Cointelegraph Brasil, Samir Kerbage, diretor-executivo de produtos e tecnologia da Hashdex, conta que a gestora não possui exposição à Gemini.

“As exchanges listadas são usadas pelo [índice] NCI para acompanhar o preço dos ativos da cesta. Já os custodiantes são empresas que se qualificam para serem custodiantes, mas não quer dizer que a custódia é necessariamente feita por todas as empresas da lista”, diz Kerbage.

Em outras palavras, segundo o diretor-executivo, apesar da exchange Gemini aparecer na página do Nasdaq Crypto Index, a exchange era usada apenas para verificação de preços dos ativos criptos, e que o fato dela está na lista de empresas custodiantes de ativos, ela não estaria sendo necessariamente usada para esse fim.

Kerbage também negou uma possível relação de custódia estabelecida diretamente entre a Hashdex e a Gemini.

“É uma decisão puramente comercial. Na hora de escolher o custodiante, avaliamos e entendemos não ser vantajosa a relação.”

Já a QR Asset Management, que também oferece fundos de criptoativos no Brasil, afirmou que os ativos de seus ETFs são custodiados pela Gemini Custody.

Que seria outro serviço da exchange Gemini, diferente do Gemini Earn, que foi interrompido, ressalta Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset Management.

Ludolf aponta também que a Gemini é uma Trust Company registrada no Estado de Nova York, e detentora da BitLicense, licença necessária para que empresas de criptoativos atuem no estado.

“Por ser uma trust company, a empresa atende a requerimentos regulatórios ainda mais rigorosos do que a BitLicense no que diz respeito à segregação de ativos e à proibição de praticar qualquer tipo de reserva fracionária. Além disso, a segregação de ativos é requisito para a obtenção desta licença, e sua validação contínua depende de auditorias anuais de verificação desta condição, sob pena de pesadas multas”, acrescenta Ludolf.

Ludolf acrescenta que a gestora continuará monitorando as condições do mercado, a fim de preservar o capital dos investidores e que “a QR Asset, protagonista deste grupo de empresas, reitera que apenas se relaciona com contrapartes reguladas que apresentam alto padrão de governança e auditabilidade”.