Negócio em alta

Grupos bilionários correm para os imóveis: setor vira refúgio contra crises e inflação

Famílias empresárias apostam em bairros planejados e prédios de luxo para proteger o patrimônio; investimentos já passam de R$ 1 bilhão no Brasil e nos EUA.

Imoveis ainda sao considerados bons investimentos
Imoveis ainda sao considerados bons investimentos
  • Proteção em tempos turbulentos; Imóveis oferecem segurança contra crises econômicas e inflação.
  • Diversificação inteligente; Braços imobiliários geram renda recorrente e valorizam ativos já existentes.
  • Expansão global; Grandes grupos estão entrando com força no mercado dos EUA, mirando renda em dólar.

Se antes o setor imobiliário era apenas uma maneira de estacionar parte do dinheiro das empresas, agora virou prioridade nas estratégias dos grandes grupos familiares. Nesse sentido, grupos como NC (dona da farmacêutica EMS), Algar (telecomunicações) e até a gigante Votorantim estão expandindo com força em imóveis — e prometem transformar bairros inteiros no Brasil e nos Estados Unidos.

Sendo assim, mesmo em meio aos juros altos e crédito apertado, esses conglomerados estão criando bairros planejados, edifícios de alto padrão e até projetos de aluguel multifamiliar em cidades como Campinas, São Paulo, Orlando e Miami. Desse modo, a motivação se deve ao fato de que os imóveis são vistos como porto seguro para atravessar as crises e ainda oferecem proteção contra a inflação.

Por que os imóveis viraram a bola da vez

A tendência é clara: em tempos de instabilidade, os grandes grupos familiares estão migrando parte de seu caixa para ativos reais, como galpões, torres corporativas e residenciais para aluguel. Logo, com faturamento estável vindo de setores como indústria, saúde e telecom, esses conglomerados podem diversificar seu risco e aumentar sua receita recorrente.

Nesse contexto, Thiago Tavares, CEO do grupo NC (holding da EMS), explica:

“É natural para famílias empresárias investir em imóveis. O setor não tem barreiras de entrada e gera valor com ativos que já temos, como terrenos e fazendas.”

No entanto, ele alerta: muitos erram no começo. Portanto, a própria EMS teve que reestruturar sua atuação no setor, após erros em sua construtora própria. Além disso, hoje, a 3Z Realty, novo braço do grupo, aposta em projetos mais rentáveis e sustentáveis, com foco em multifamily, lajes comerciais e bairros planejados.

Bairros inteiros nascem do zero: Campinas, Uberlândia e SP no radar

Entre os projetos mais ambiciosos estão bairros inteiros desenvolvidos a partir de fazendas ou terrenos já pertencentes aos grupos:

  • Grupo Algar (Uberlândia/MG): Criação do bairro Granja Marileusa, com shopping, loteamentos e prédios corporativos. Investimento já soma US$ 10 milhões no setor, com planos de dobrar o aporte até o fim do ano.
  • Grupo NC (Campinas/SP): Projeto Órigo com VGV de R$ 1,8 bilhão. Assim, ainda este ano, vai lançar um piloto de multifamily 100% para locação. Em São Paulo, aposta em edifícios “boutique”.
  • Votorantim (SP): A Altre, braço imobiliário da holding, está por trás do Vivalegro, novo bairro na cidade de Votorantim, e do Spark, retrofit na Vila Leopoldina. Também comprou lajes no Alto das Nações, prédio mais alto da capital paulista.

Olho no exterior: Miami e Chicago também entram na rota

O apetite não se limita ao Brasil. Votorantim e Algar já aportaram mais de R$ 1 bilhão em imóveis nos EUA:

  • Votorantim: Presente em dois projetos multifamily em Chicago e Nova Jersey.
  • Algar: Aposta em casas para locação em Orlando e edifícios residenciais em Miami, com US$ 10 milhões já investidos e mais US$ 10 milhões a caminho.

Em suma, a estratégia internacional visa aproveitar preços descontados em momentos de crise e gerar renda em dólar.

Braços imobiliários ganham peso dentro das holdings

Além da diversificação patrimonial, os imóveis estão crescendo em importância dentro dos grupos:

  • A 3Z Realty, do grupo NC, já vale cerca de R$ 1 bilhão e pode chegar a representar 25% do valuation da holding nos próximos anos.
  • A Algar espera alcançar R$ 6 bilhões em VGV com seus empreendimentos nos próximos 10 anos.
  • A Votorantim aposta na Altre como peça-chave em sua expansão internacional e de longo prazo.

Portanto, mesmo com os juros altos, o acesso ao capital dessas holdings facilita a continuidade dos projetos, como explica Franco Pasquali, CEO da 3Z Realty:

“Temos acesso direto ao capital dos acionistas e mais facilidade para captar, o que nos dá vantagem sobre o mercado.”

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.