Em entrevista realizada nesta quinta-feira (23), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou a utilização do espaço fiscal do governo para reduzir os preços dos alimentos. A afirmação surge em meio ao debate sobre a alta dos preços dos alimentos no Brasil, que afetaram a inflação de 2024. Segundo o ministro, o governo não planeja utilizar recursos públicos ou adotar subsídios para controlar os preços, como especulado por alguns setores.
Haddad destacou que o foco do governo será melhorar a regulamentação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), um programa que visa beneficiar trabalhadores de baixa renda com vales-refeição e alimentação. Ele sugeriu que o Banco Central poderia explorar um “espaço regulatório” para melhorar a eficiência do programa, o que poderia resultar em uma queda de preços, com uma redução de até 3% nos valores do vale-refeição e vale-alimentação.
“Temos um espaço regulatório que pode ser explorado no curto prazo. O Banco Central tem a responsabilidade de ajustar a regulamentação da portabilidade, garantindo que os trabalhadores não percam dinheiro com taxas elevadas na transação dos benefícios”.
Afirmou Haddad.
Em relação à situação dos preços dos alimentos, o ministro também apontou que o ano de 2025 deverá contar com uma safra agrícola robusta, o que contribuirá para aumentar a oferta de alimentos e aliviar a pressão sobre os preços. Ele ainda destacou a desvalorização do dólar como fator que tende a reduzir os custos de produtos como leite, carne e café, que são exportados e influenciados pela moeda americana.
No entanto, Haddad negou que o governo considere adotar políticas fiscais que possam impactar as contas públicas para subsidiar os alimentos.
“Não há absolutamente nada disso no horizonte”.
Afirmou, reforçando que a inflação de alimentos, que fechou o ano em 8,23%, será gerida sem gastos públicos extras.
Indicadores de inflação de alimentos em 2024
- A inflação de alimentos no domicílio caiu para 8,23% em 2024, desacelerando após um ano de alta contínua.
- As carnes lideraram o aumento de preços, com alta de 20,84%, seguidas por café moído (+39,60%), leite longa vida (+18,83%) e frutas (+12,12%).
- A inflação total do Brasil em 2024 ficou em 4,83%, acima da meta do Banco Central de 3%.