O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (20) que o governo federal não implementará uma política de estímulo parafiscal em 2025, caso ocorra um cenário de recessão econômica. Segundo ele, a administração já prevê uma desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) para o próximo ano, em comparação a 2024, quando a economia brasileira deve crescer 3,5%.
“Nosso cenário para 2025 é um crescimento de 2,5%. Está no orçamento. 1% abaixo da expectativa de crescimento deste ano. A desaceleração já está mais ou menos contratada”, afirmou Haddad durante a divulgação do orçamento do próximo ano. A expectativa do ministro está alinhada com a projeção do Banco Central, que indica uma desaceleração do ritmo de crescimento da economia.
Em relação às medidas de estímulo, Haddad descartou a adoção de políticas parafiscais, que são aquelas que envolvem gastos públicos destinados a financiar atividades não ligadas diretamente aos programas do governo.
“Não pretendo fazer nenhuma política de estímulo parafiscal. Eu acredito que esse ciclo de alta dos juros vai fazer um efeito rápido na economia”.
destacou o ministro, se referindo ao aumento da taxa Selic pelo Banco Central.
Cenário de juros altos e efeitos esperados
A política monetária mais restritiva, com juros elevados, é vista pelo ministro como uma resposta imediata aos possíveis impactos de uma desaceleração econômica. A Selic, que atualmente se encontra em 13,75%, é um dos maiores patamares dos últimos anos, e o impacto dessa alta já começa a ser sentido por diferentes setores da economia.
Em setembro, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apresentou uma alta de 0,24%, indicando que o efeito do aumento dos juros pode estar começando a surtir efeito na contenção da inflação, mas também colaborando para uma desaceleração do crescimento.
Haddad, no entanto, acredita que a resposta da economia será rápida. “O ciclo de alta dos juros vai trazer uma reação do mercado que, em nossa análise, deve ocorrer de maneira ágil”, afirmou. A meta do governo para o próximo ano é manter o controle da inflação sem estimular a economia com novos investimentos ou gastos públicos excessivos, o que poderia pressionar ainda mais os índices de preços.
Desafios pela frente
Além da desaceleração esperada, o governo também enfrenta o desafio de ajustar as contas públicas diante de um possível crescimento mais moderado. A prioridade será a manutenção da responsabilidade fiscal, com o compromisso de não ultrapassar os limites de endividamento. Segundo Haddad, o ajuste fiscal se manterá como base das políticas do governo, com o objetivo de garantir a estabilidade econômica e confiança nos mercados internacionais.
Em 2025, a expectativa de crescimento de 2,5% é um reflexo de um cenário global incerto, que inclui tensões geopolíticas e uma possível desaceleração da economia mundial, o que pode impactar ainda mais o comércio exterior do Brasil.