
- HSBC lucrou US$ 4,58 bilhões no 2T25, queda de 29% na comparação anual.
- Banco britânico anunciou recompra de até US$ 3 bilhões para tentar acalmar o mercado.
- Apesar do foco na Ásia, o banco enfrenta pressões de rentabilidade e custo operacional elevado.
O HSBC, um dos maiores bancos da Europa, surpreendeu negativamente os investidores nesta quarta-feira (30) ao divulgar um lucro líquido 29% menor no segundo trimestre de 2025. Ainda assim, a instituição anunciou uma nova recompra de ações de US$ 3 bilhões, numa tentativa clara de retomar a confiança do mercado.
Enquanto o lucro líquido somou US$ 4,58 bilhões entre abril e junho, analistas ouvidos pela Visible Alpha esperavam um ganho bem mais robusto, de US$ 5,29 bilhões. A frustração veio acompanhada de uma leve alta na receita com juros, que avançou 3,2% no período, atingindo US$ 8,52 bilhões.
Lucro desaponta e afeta credibilidade
A queda expressiva no lucro foi mal recebida pelo mercado. O indicador preferido do banco, o lucro antes de impostos, também sofreu retração de 29% na comparação anual, totalizando US$ 6,33 bilhões. Esses dados acenderam o alerta sobre a real capacidade do HSBC de manter sua rentabilidade diante de um cenário econômico global ainda volátil.
Embora o banco tenha registrado crescimento na receita com juros, o aumento foi considerado tímido. Analistas ressaltam que, em tempos de juros elevados, instituições do porte do HSBC costumam apresentar resultados mais expressivos. O fato de isso não ter ocorrido contribuiu para o tom negativo da divulgação.
A diferença entre ganhos com empréstimos e pagamentos a clientes por depósitos, embora positiva, não foi suficiente para compensar outros desafios operacionais enfrentados pelo banco.
Aposta na recompra bilionária
Para conter os danos à sua imagem e dar sinais de confiança ao mercado, o HSBC anunciou uma nova rodada de recompra de ações de até US$ 3 bilhões. Essa estratégia costuma ser bem-vista pelos investidores, já que tende a valorizar os papéis restantes e indicar que o banco acredita no próprio potencial de recuperação.
A instituição já havia recorrido a essa prática em outras ocasiões, principalmente em momentos de pressão externa. Agora, a nova recompra de ações parece tentar estancar a sangria causada pelos números decepcionantes do segundo trimestre.
A medida, no entanto, levanta dúvidas sobre a sustentabilidade da rentabilidade no longo prazo. Afinal, recomprar ações pode dar fôlego no curto prazo, mas não resolve questões estruturais que afetaram o desempenho do banco nos últimos meses.
Foco na Ásia segue como prioridade
Apesar da sede em Londres, o HSBC continua apostando na Ásia como motor de crescimento. A região tem sido a principal fonte de receita do banco, especialmente após os desdobramentos do Brexit e os desafios regulatórios na Europa. Ainda assim, o ambiente geopolítico instável e a desaceleração da China levantam preocupações sobre a continuidade dessa estratégia.
O banco não detalhou se os números mais fracos têm relação direta com os mercados asiáticos, mas analistas avaliam que a exposição a países com crescimento moderado pode ter pesado. Além disso, o aumento de custos operacionais e possíveis perdas com inadimplência também entram na conta.
Com isso, o HSBC deve reforçar o foco em corte de custos e diversificação regional para proteger seus resultados nos próximos trimestres.