
- Ibovespa caiu 0,36%, aos 138 mil pontos, com tensão institucional sobre IOF e reforma administrativa.
- Vale e Petrobras subiram forte, ajudando a conter queda maior do índice; bancos pesaram negativamente.
- Dólar recuou 0,77%, a R$ 5,419, menor nível desde agosto de 2024, com mercado atento a dados fracos dos EUA.
O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (2) em queda de 0,36%, aos 138.050 pontos, pressionado por incertezas políticas e ruídos institucionais entre os Três Poderes. Assim, o índice foi segurado por altas relevantes de Vale e Petrobras, que evitaram uma perda mais expressiva no dia.
Enquanto isso, o dólar comercial recuou 0,77%, encerrando a R$ 5,419, no menor patamar desde agosto de 2024. Desse modo, a valorização do real refletiu tanto o ambiente interno de juros elevados quanto a deterioração do mercado de trabalho nos Estados Unidos.
Crise do IOF entra no radar e pressiona cenário político
A queda do Ibovespa refletiu, em grande parte, o clima de tensão provocado pela judicialização do decreto do IOF, levada ao STF pelo governo. O tema elevou o ruído entre Executivo e Congresso.
Ademais, o ministro Fernando Haddad minimizou o embate, dizendo que se trata apenas de uma “questão jurídica”. Já o presidente Lula acusou o Congresso de descumprir acordos políticos e defendeu a intervenção da Corte.
Além do IOF, Lula também comentou o impasse sobre o marco temporal, defendendo que haja uma solução institucional. Portanto, a escalada de atritos entre os Poderes aumentou a percepção de risco no mercado, que reage mal à incerteza sobre a governabilidade e a agenda econômica.
Vale e Petrobras lideram ganhos e aliviam queda do índice
Apesar do cenário político conturbado, ações de peso ajudaram a limitar as perdas do índice. A Vale (VALE3) subiu 3,64%, impulsionada pela alta do minério de ferro na China e pela revisão de metas de produção da companhia. Já a Petrobras (PETR4) avançou 1,78%, acompanhando a valorização do petróleo no mercado internacional.
Além disso, outros papéis ligados a commodities também acompanharam a tendência. PRIO (PRIO3) e Brava (BRAV3) subiram 0,86% e 0,92%, respectivamente. A Ambev (ABEV3) ganhou 2,02%, após dados positivos de produção em maio, e Klabin (KLBN11) subiu 2,87%, após recomendação de compra por um banco.
Por outro lado, os bancos pesaram negativamente no índice. Bradesco (BBDC4) caiu 1,82%, Itaú Unibanco (ITUB4) recuou 0,81% e Natura (NATU3) estreou seu novo ticker em forte baixa de 5,65%. Já Magazine Luiza (MGLU3) despencou 6,59%, apesar de fala otimista da diretoria.
Dólar em queda e juros futuros em alta
No câmbio, o dólar teve queda firme diante do enfraquecimento dos dados de emprego nos EUA. Então, o setor privado americano perdeu 33 mil vagas em junho, segundo o relatório da ADP, gerando expectativa de possível mudança na política monetária do Federal Reserve.
Com isso, o dólar à vista fechou em R$ 5,4191, a menor cotação desde 19 de agosto do ano passado. No acumulado de 2025, a moeda americana já caiu 12,30% ante o real. Os contratos futuros de dólar para agosto também recuaram, cotados a R$ 5,4585.
Desse modo, enquanto o câmbio caiu, os juros futuros (DIs) subiram em toda a curva, refletindo a percepção de que o Copom pode manter a taxa Selic em níveis altos por mais tempo. O Banco Central reafirmou que o cenário ainda exige postura restritiva e aguarda novos dados para calibrar o ritmo.
Economia em marcha lenta e foco no payroll
No Brasil, o IBGE informou que a produção industrial caiu 0,5% em maio, dentro das expectativas. Ainda assim, o desempenho interanual foi positivo: alta de 3,3% frente a maio de 2024. No acumulado de 2025, o setor industrial cresceu 1,8%.
Sendo assim, nos Estados Unidos, o dado fraco do mercado de trabalho acentuou as apostas por cortes de juros, mas trouxe incertezas. O payroll — relatório oficial sobre empregos — será divulgado excepcionalmente nesta quinta-feira (3), por conta do feriado de 4 de julho. A leitura do número pode guiar a próxima decisão do Fed.
Enquanto isso, o presidente americano Donald Trump anunciou um novo acordo com o Vietnã, exaltando a redução de tarifas para produtos dos EUA. Portanto, a declaração animou parte do mercado, mas aumentou os temores sobre guerra comercial em caso de reeleição.