Aumento expressivo

Impossível de pagar: Juros do rotativo do cartão alcançam 450,6%

Apesar do teto legal de 100% sobre o valor da dívida, estatísticas do BC mostram aumento expressivo na taxa anualizada.

Juros do rotativo de cartoes subiu para 326 ao ano em marco
Juros do rotativo de cartoes subiu para 326 ao ano em marco
  • Juro do rotativo do cartão subiu para 450,6% ao ano, mesmo com limite legal em vigor
  • Taxa anualizada do BC reflete projeção e não indica descumprimento da lei
  • Mesmo com teto de 100%, crédito continua caro e exige atenção na hora de usar o cartão

O juro médio cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito aumentou de forma significativa entre janeiro e fevereiro, subindo de 441,0% para 450,6% ao ano, segundo dados divulgados pelo Banco Central. A alta de 9,6 pontos percentuais ocorreu mesmo após a vigência da lei que impôs um teto de 100% sobre o valor original da dívida.

No caso do crédito parcelado, a taxa média também subiu, passando de 174,6% para 181,8% ao ano. Já o juro total do cartão de crédito, que inclui tanto o rotativo quanto o parcelado, saltou de 78,7% para 85,2% ao ano.

Esses dados têm causado preocupação, principalmente porque, à primeira vista, podem sugerir um descumprimento da nova legislação aprovada pelo Congresso Nacional em 2023, que passou a vigorar em janeiro de 2024.

A norma proíbe que os encargos ultrapassem o dobro do valor original da dívida, o que corresponde a uma taxa máxima efetiva de 100% sobre o principal.

Estatística não reflete infração, explica BC

Apesar dos percentuais alarmantes, o Banco Central esclareceu que os números não representam uma infração à nova legislação.

A autoridade monetária calcula essas taxas com base em uma projeção anual do juro cobrado mensalmente, utilizando a técnica de extrapolação. Ou seja, o BC parte do juro mensal efetivo praticado pelas instituições financeiras e projeta quanto ele representaria ao longo de um ano, caso o consumidor mantivesse a dívida inalterada durante todo esse período.

Na prática, no entanto, a maioria dos consumidores permanece no rotativo por poucos dias ou semanas. No entanto, antes de pagar a fatura ou migrar a dívida para o parcelado.

Por isso, a taxa anualizada tem um caráter mais estatístico do que efetivo. Ainda assim, ela é uma importante referência para avaliar a tendência de alta ou baixa dos juros no sistema de crédito.

O BC afirmou que não pretende descontinuar essa série histórica. A instituição considera que os dados, mesmo anualizados, são essenciais para entender a dinâmica de juros no país e ajudam a monitorar o comportamento do crédito no sistema bancário. Além disso, essas informações auxiliam o mercado e os formuladores de políticas públicas na tomada de decisões.

Alta das taxas preocupa e desafia eficácia

O aumento das taxas de juros no cartão de crédito acende um alerta entre consumidores, especialistas e órgãos de defesa do consumidor. Embora o limite de 100% do valor original da dívida esteja em vigor, o crescimento expressivo das taxas estatísticas evidencia que os custos do crédito seguem elevados. Consequentemente, pouco acessíveis para a maioria da população.

Para especialistas, o comportamento dos bancos revela uma tentativa de compensar riscos e inadimplência mantendo as taxas nominais altas, mesmo com o teto legal limitando o ganho efetivo. Isso pode dificultar o acesso ao crédito e empurrar ainda mais famílias para a inadimplência. Especialmente, em um cenário de endividamento recorde.

O desafio, segundo analistas, será garantir que a concorrência no setor e a regulação sejam capazes de reduzir as taxas praticadas de forma consistente. Dessa forma, sem que os bancos encontrem maneiras indiretas de manter o custo do crédito elevado.

A expectativa é de que, com o avanço da educação financeira e da digitalização dos serviços, novas alternativas de crédito possam surgir com condições mais favoráveis ao consumidor.

Enquanto isso, o alerta permanece: mesmo com o teto legal, as taxas nominais continuam altas e exigem atenção redobrada de quem recorre ao cartão como forma de crédito emergencial.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.