Tributação

Impostos sobre investimentos vai subir: veja quanto você pagará a mais

Nova regra de tributação promete simplificar o sistema, mas vai pesar no bolso de quem investe em renda fixa, bolsa e até cripto a partir de 2026.

Receita Federal - Imposto de Renda
Receita Federal 1
  • Unificação da alíquota de IR em 17,5% para renda fixa, fundos, bolsa e cripto a partir de 2026.
  • O governo encerrou a isenção de LCIs e LCAs, que agora terão tributação de 7,5%, enquanto CRIs, CRAs e debêntures incentivadas continuam isentas.
  • Compensação de prejuízos ampliada, permitindo abater perdas em diferentes aplicações ao longo de até cinco anos.

O relator da Medida Provisória 1.303/2025, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), decidiu acatar a proposta do governo e unificar em 17,5% a alíquota de Imposto de Renda (IR) para investimentos financeiros. A medida mexe diretamente com o bolso dos investidores pessoa física e promete mudar a lógica de aplicações que até hoje seguiam uma tabela regressiva de tributação.

O texto apresentado na Câmara nesta quarta-feira (24) também altera isenções e cria um novo mecanismo para compensar perdas, aproximando o Brasil de práticas internacionais. Para especialistas, as mudanças favorecem a arrecadação federal, mas podem reduzir a atratividade de certos produtos de investimento.

O que muda na prática

Com a nova regra, o governo tributará títulos públicos, CDBs, fundos de renda fixa, ações, fundos imobiliários e ativos virtuais pela mesma alíquota de 17,5%. A Receita Federal fará a cobrança diretamente na fonte, mas os investidores precisarão declarar os ganhos de forma detalhada no ajuste anual.

O relator defendeu que o sistema regressivo atual gerava distorções. Aplicações de longo prazo, antes tributadas em 15%, agora terão alíquota mais alta. O governo reduziu a taxação das aplicações de curtíssimo prazo: elas pagavam até 22,5% e agora pagam um percentual menor. A unificação, segundo Zarattini, corrige assimetrias e garante isonomia entre os diferentes tipos de ativos.

Apesar da simplificação, investidores precisarão se adaptar. Produtos antes isentos, como LCIs e LCAs, passam a pagar 7,5% de IR a partir de 2026, enquanto CRIs, CRAs e debêntures incentivadas seguem livres de tributação.

Ações, fundos e compensação de perdas

Para operações em bolsa, haverá um novo limite de isenção: vendas de até R$ 60 mil por trimestre ficam livres de imposto. Acima desse valor, todo o ganho líquido será tributado na alíquota única de 17,5%. O investidor seguirá obrigado a apurar o resultado trimestralmente, mas ganha mais clareza e previsibilidade.

Outro ponto de destaque é a compensação de prejuízos. A partir de 2026, os investidores poderão abater perdas de um tipo de aplicação com ganhos em outra, desde que registrem corretamente. Eles poderão usar esse abatimento no próprio ano ou em até cinco anos seguintes.

A medida é vista como positiva por analistas, pois aproxima a legislação brasileira de práticas globais e dá mais flexibilidade para quem diversifica a carteira. No entanto, a alíquota maior sobre investimentos de longo prazo gera receio entre investidores conservadores.

Impacto fiscal e político

As mudanças não afetam apenas investidores, mas também o caixa da União. De acordo com cálculos oficiais, a MP deve gerar R$ 10,5 bilhões em arrecadação extra em 2025 e R$ 21,8 bilhões em 2026. Somando a redução de benefícios e ajustes em programas sociais, o impacto total deve ser ainda maior.

Para 2027, o governo projeta arrecadação adicional de R$ 11,7 bilhões e, em 2028, de R$ 9,2 bilhões. Esses valores reforçam a estratégia fiscal do governo, que busca cumprir metas de resultado primário em meio à pressão por aumento de gastos.

No campo político, Zarattini destacou que a medida reforça a ideia de “justiça tributária”, eliminando privilégios e tratando todos os investidores de forma mais equilibrada. Ainda assim, há resistência de setores que perderam isenções e podem pressionar o Congresso nas próximas semanas.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.