
- Indústria brasileira faturou R$ 6,45 trilhões em 2023, com destaque para a transformação de alimentos, responsável por 23,6% da receita.
- Setor gerou 8,5 milhões de empregos, número 12% superior ao de 2019, mas ainda 3,1% abaixo do pico de dez anos atrás.
- Grandes empresas concentram 67,9% da receita, enquanto micro e pequenas têm participação restrita, refletindo concentração do setor.
A indústria brasileira encerrou o ano de 2023 com números robustos. Segundo a Pesquisa Industrial Anual (PIA) divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (25), o setor faturou R$ 6,45 trilhões e empregou 8,5 milhões de pessoas. Desse total, a maior parte da receita (R$ 5,99 trilhões) veio da indústria de transformação, enquanto a indústria extrativa contribuiu com R$ 458 bilhões.
No mercado de trabalho, o segmento industrial também apresentou recuperação. Assim, a maior parte dos empregos formais está concentrada na transformação, com 8,3 milhões de vagas, enquanto cerca de 200 mil postos vêm do ramo extrativo. Ademais, em comparação com 2019, antes da pandemia, houve crescimento de 12% no total de empregos.
Alimentação lidera a receita industrial
O destaque do levantamento é o peso da fabricação de alimentos, que responde por 23,6% da receita da indústria. O setor alimentício lidera com ampla vantagem sobre os demais ramos. Em seguida aparecem a metalurgia (6,2%), extração de minerais metálicos (3,5%), fabricação de celulose (2,7%) e a extração de petróleo e gás natural (2,5%).
Além disso, essa concentração mostra que o Brasil ainda se apoia fortemente em setores tradicionais e intensivos em insumos naturais. Mesmo assim, a diversidade industrial dá sinais de retomada, especialmente na cadeia agroindustrial, que combina extração, processamento e logística.
Desse modo, apesar da recuperação em relação ao período pré-pandemia, o estoque de empregos industriais ainda está 3,1% abaixo do registrado há dez anos. Portanto, isso indica que, embora o setor esteja em crescimento, ainda não atingiu a força estrutural do passado recente.
Grandes empresas dominam; micro e pequenas têm espaço limitado
A análise por porte empresarial revela que as grandes indústrias concentram 67,9% de toda a receita líquida de vendas. As empresas de médio porte respondem por 17,1%, enquanto as pequenas representam 9% e as microempresas, apenas 6%.
Sendo assim, esses dados evidenciam o peso das corporações no setor industrial brasileiro. A alta concentração sugere desafios para a competitividade das menores empresas, que enfrentam maiores dificuldades para acessar crédito, investir em tecnologia e ampliar produtividade.
Portanto, ao mesmo tempo, o levantamento reforça a importância de políticas públicas que estimulem a inovação e a modernização dos pequenos negócios industriais. Isso seria essencial para reduzir desigualdades dentro do próprio setor e ampliar a geração de empregos qualificados.
O que é a PIA e o que ela mede?
A Pesquisa Industrial Anual existe desde 1996 e é o principal instrumento do IBGE para mapear a estrutura produtiva industrial do país. Ela substituiu os antigos censos econômicos e acompanha tanto as indústrias de transformação quanto as extrativas.
Além disso, a PIA considera empresas cuja atividade principal é industrial. No caso de companhias com várias filiais, o levantamento analisa cada unidade produtiva vinculada a um CNPJ. Com isso, a pesquisa capta a realidade de grandes conglomerados e também de fábricas independentes.
Nesse sentido, os dados de 2023 reforçam a relevância da indústria para o PIB brasileiro e mostram a resiliência do setor diante dos desafios econômicos recentes. Ainda assim, o levantamento também evidencia a necessidade de diversificação produtiva, digitalização e apoio à base industrial menor.
Em suma, a combinação entre retomada do emprego, alta participação de alimentos na receita e o domínio de grandes empresas resume a atual face do setor. Portanto, o Brasil ainda precisa avançar na produtividade, mas os sinais de recuperação são evidentes.