
- CNI afirma que pacote de Haddad encarece crédito e penaliza consumidor sem promover justiça tributária.
- Entidade cobra corte de gastos públicos, reforma administrativa e tributação de apostas online.
- Governo reduz previsão de arrecadação com IOF, mas mantém o aumento e busca alternativas no Congresso.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reagiu com firmeza às propostas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para ampliar a arrecadação por meio do aumento de impostos. A entidade afirma que as medidas encarecem o crédito, penalizam os consumidores e não representam justiça tributária.
“O setor produtivo está sufocado”, declarou o presidente da CNI, Ricardo Alban, na última terça-feira (10). Segundo ele, o impacto das ações do governo recairá diretamente sobre quem consome. O alerta foi feito em um comunicado oficial, que também cobra reformas voltadas à redução de gastos públicos.
Setor industrial pede reformas com cortes e eficiência
A CNI não poupou críticas ao governo federal. De acordo com a entidade, as propostas econômicas apresentadas até agora concentram-se apenas no aumento da arrecadação, ignorando medidas estruturais que poderiam conter o gasto público.
Ademais, no texto a confederação pede o avanço da reforma administrativa, além de medidas mais eficientes para a gestão orçamentária. A entidade também sugere modernizações na legislação trabalhista e maior tributação sobre apostas online, como forma de compensar a arrecadação sem prejudicar o crédito.
Portanto, essas propostas, segundo a CNI, garantiriam equilíbrio fiscal sem repassar a conta ao consumidor. Desse modo, a entidade afirma que o país precisa de uma reforma tributária “de verdade”, e não de ações paliativas que aumentem a carga sobre o setor produtivo.
Imposto sobre crédito gera novo desgaste com o Congresso
O ponto central do impasse está no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentou a alíquota do tributo com a promessa de arrecadar até R$ 41 bilhões em 2026. Contudo, a reação de diferentes setores levou Haddad a negociar alternativas com o Congresso.
Sendo assim, diante da ameaça de recuo, o governo começou a desenhar novas formas de compensação fiscal. Entre elas estão uma medida provisória, um projeto de lei complementar e até uma proposta de emenda à Constituição (PEC), todos instrumentos que dependem da aprovação do Congresso Nacional.
Mesmo com a resistência, o governo manteve o decreto do IOF, embora com ajustes que reduziram o impacto esperado. De acordo com estimativas da Warren Investimentos, a arrecadação extra será de apenas R$ 6 bilhões em 2025 e R$ 12 bilhões em 2026, bem abaixo da meta inicial.
Indústria alerta para risco de encarecimento do crédito
Na avaliação da CNI, os efeitos do novo pacote tributário vão muito além dos números. O maior impacto, segundo a entidade, será o aumento do custo do crédito no país. Para empresas já pressionadas por juros elevados, isso representa um obstáculo a mais para a recuperação da atividade econômica.
Nesse sentido, Ricardo Alban afirma que, sem crédito acessível, o setor industrial não consegue investir, contratar ou produzir com competitividade. O presidente da confederação lembra que o crédito mais caro atinge diretamente a população, que já convive com inflação e desemprego elevados.
Portanto, a entidade finaliza o comunicado reforçando que a busca por equilíbrio fiscal deve ser feita com responsabilidade e visão de longo prazo. “O Brasil precisa de uma reforma justa, moderna e baseada em eficiência, não em medidas que penalizam os que produzem”, conclui o documento.