- Inflação anualizada atinge 5,06% em fevereiro, maior patamar desde setembro de 2023
- Energia elétrica residencial sobe 16,80% e impulsiona alta dos preços
- Banco Central deve elevar a Selic para 14,25% para conter a pressão inflacionária
A inflação no Brasil acelerou pelo segundo mês consecutivo e ultrapassou o teto da meta estabelecida pelo Banco Central. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 5,06% no acumulado de 12 meses em fevereiro, um salto em relação aos 4,56% registrados em janeiro.
O resultado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (12), representa o maior nível desde setembro de 2023, quando a taxa foi de 5,19%.
Principais fatores que impulsionaram a inflação
A alta do IPCA foi impulsionada principalmente pelos setores de habitação e educação, que registraram os maiores aumentos.
- Habitação: Teve uma alta de 4,44%, puxada pelo aumento expressivo de 16,80% na energia elétrica residencial. Esse fator sozinho elevou a inflação em 0,56 ponto percentual.
- Educação: Apresentou aumento de 4,70% devido aos reajustes nas mensalidades escolares, com destaque para o ensino fundamental (7,51%), ensino médio (7,27%) e pré-escola (7,02%).
- Alimentação e bebidas: Subiu 0,70%, com destaque para a alta do ovo de galinha (15,39%) e do café moído (10,77%). Por outro lado, houve redução nos preços da batata-inglesa (-4,10%), do arroz (-1,61%) e do leite longa vida (-1,04%).
Banco Central reforça aperto monetário
Com a inflação persistente acima da meta, o Banco Central indicou que deve aumentar a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,25% ao ano. A previsão é de um novo aumento para 14,25% na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 19 de março. Essa taxa pode chegar a 15% até o final do ano, o maior nível desde 2006.
Os juros altos são uma tentativa de conter a inflação ao desestimular o consumo e frear o aumento dos preços. O Banco Central também monitora os dados de atividade econômica para avaliar o impacto das medidas.
Expectativas do mercado
Segundo o Boletim Focus, os agentes financeiros projetam uma inflação anualizada de 5,68% até dezembro de 2025. A Selic também deve permanecer elevada, atingindo 15% ao ano. Se essas previsões se confirmarem, o custo do crédito seguirá alto, assim, afetando investimentos e consumo.
A inflação acima do teto da meta também coloca pressão sobre o governo, que precisará equilibrar políticas de estímulo econômico sem comprometer o controle dos preços. Com a alta dos juros e o cenário internacional incerto, a economia brasileira enfrenta, portanto, um período de desaújos para manter a estabilidade financeira e o crescimento sustentável.