
- Inflação mostra recuo leve nas projeções, mas segue acima da meta oficial
- Selic continua projetada em 15% para 2025 e só deve cair gradualmente nos anos seguintes
- Mercado mantém cautela e espera dados mais consistentes antes de rever expectativas
As projeções do mercado financeiro para a inflação voltaram a ceder levemente no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (1º). Apesar da melhora, as expectativas ainda estão acima da meta oficial do Banco Central. Para os juros, porém, não houve mudanças, mantendo o cenário de taxas elevadas nos próximos anos.
O levantamento semanal do BC reflete a visão de analistas e instituições financeiras sobre o rumo da economia. Dessa forma, ele orienta tanto decisões de investidores quanto expectativas do próprio governo em relação à condução da política monetária.
Inflação mostra queda suave
A mediana das previsões para o IPCA em 2025 caiu de 4,86% para 4,85%. Para 2026, houve recuo de 4,33% para 4,31%. Em 2027, a expectativa passou de 3,97% para 3,94%, enquanto para 2028 a projeção permaneceu estável em 3,80%. Mesmo com o alívio, os números continuam acima da meta oficial de 4,50% em 2025 e de 3% a partir de 2026.
Especialistas avaliam que essa queda discreta sinaliza confiança maior na política monetária. Contudo, destacam que a inflação segue resistente em alguns setores, o que dificulta qualquer movimento de corte acelerado dos juros. Ainda assim, o mercado espera que a trajetória seja de convergência gradual.
A leitura também reforça a percepção de que a pressão sobre preços de serviços deve se dissipar lentamente. Ou seja, mesmo com commodities e câmbio mais estáveis, a inflação doméstica exige cautela. Por isso, os próximos dados oficiais do IBGE serão fundamentais para confirmar essa tendência de suavização.
Selic permanece no mesmo patamar
Enquanto a inflação dá sinais de trégua, a expectativa para os juros não sofreu qualquer alteração. O Focus manteve a projeção da taxa Selic em 15% ao ano em 2025, 12,50% em 2026, 10,50% em 2027 e 10% em 2028. O cenário mostra que, para o mercado, a queda da inflação ainda não é suficiente para embasar cortes relevantes na taxa básica.
Essa leitura traz implicações diretas para empresas e famílias. Taxas de crédito tendem a permanecer elevadas, limitando o consumo e os investimentos no curto prazo. Para investidores, entretanto, o patamar elevado de juros mantém a atratividade da renda fixa.
Analistas afirmam que somente uma queda consistente da inflação nos próximos meses pode abrir espaço para o BC rever a trajetória da Selic. Até lá, a sinalização é de política monetária dura, buscando conter qualquer pressão adicional nos preços.
O que esperar daqui para frente
Com esse cenário, a atenção dos agentes econômicos se volta para as próximas divulgações de inflação e atividade. O Banco Central já deixou claro que as decisões dependerão de dados concretos, e não apenas de expectativas. Assim, cada nova publicação do IBGE e do próprio Focus será determinante para moldar a estratégia do Copom.
O mercado, por sua vez, deve seguir atento ao cenário externo, já que o comportamento dos juros nos Estados Unidos influencia diretamente a política monetária no Brasil. Qualquer sinal de alta mais prolongada por lá pode manter a Selic em patamares elevados por ainda mais tempo.
Para o investidor, o momento exige cautela, diversificação e foco em ativos de qualidade. A resiliência da inflação sugere que não há espaço para otimismo exagerado, embora a queda gradual dos indicadores abra uma janela para ajustes de médio prazo.