
- Inflação projetada em 5,46% para 2025 segue acima do teto da meta de 4,5%, apesar de revisão para baixo.
- Crescimento do PIB recuou para 2,13%, refletindo impacto de juros altos e incertezas econômicas.
- Taxa Selic permanece em 14,75% e só deve começar a cair de forma gradual a partir de 2026.
A projeção do mercado financeiro para a inflação em 2025 voltou a cair, mas permanece acima do limite estabelecido pela meta oficial. Então, segundo o relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira (2) pelo Banco Central, a estimativa para o IPCA caiu de 5,50% para 5,46%, mostrando leve alívio no cenário. Ainda assim, o índice projetado está acima do teto de 4,5% previsto na política monetária.
A nova projeção reforça a percepção de que o Brasil pode fechar mais um ano sem cumprir seu objetivo de controle da inflação. A meta central é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Portanto, mesmo com a revisão para baixo, o cenário ainda é preocupante.
Além da inflação, os analistas do mercado também cortaram as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025. Assim, a estimativa passou de 2,14% para 2,13%. Embora a mudança seja sutil, ela reflete a combinação de juros altos e desaceleração da atividade econômica.
Pressão segue sobre os preços
Nos últimos 12 meses até abril, o IPCA acumula uma alta de 5,53%. Esse patamar preocupa porque demonstra resistência da inflação, mesmo em meio a um cenário de política monetária mais rígida. Desde setembro de 2024, o Banco Central elevou a Selic seis vezes seguidas, chegando aos atuais 14,75% ao ano.
Ademais, essa sequência de aumentos na taxa básica de juros tem como objetivo conter a inflação, tornando o crédito mais caro e desestimulando o consumo. No entanto, os efeitos ainda não foram suficientes para trazer os índices para dentro da meta.
Sendo assim, é importante lembrar que a Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central no combate à alta dos preços. Apesar disso, os analistas não esperam mudanças na taxa até o fim deste ano, o que reforça o cenário de cautela.
PIB e confiança em queda
A redução na projeção do PIB acompanha um ambiente de incertezas, tanto internas quanto externas. Os juros elevados restringem o consumo e os investimentos, o que compromete diretamente a expansão da economia.
Além disso, há fatores estruturais que dificultam uma recuperação mais consistente. Entre eles, a dificuldade de avanço das reformas estruturantes, como a tributária e a administrativa, e a instabilidade fiscal provocada pelos aumentos de gastos do governo.
Desse modo, o mercado também segue atento ao cenário internacional. O crescimento global mais lento, as tensões geopolíticas e as políticas monetárias restritivas nos países desenvolvidos impactam negativamente o Brasil, dificultando exportações e afastando investimentos.
Expectativas até 2028
O relatório Focus também traz projeções para os anos seguintes. Para 2026, a expectativa é que a Selic fique em 12,50%. Em 2027, o índice cairia para 10,50%, e em 2028, atingiria 10%. Essas previsões apontam para uma possível trajetória de flexibilização gradual da política monetária, caso a inflação volte ao centro da meta.
Ainda assim, o quadro atual é de desafio. Manter juros altos por mais tempo pode ter consequências negativas para o crescimento econômico, o mercado de trabalho e a renda das famílias. Por outro lado, cortar juros cedo demais pode reacender as pressões inflacionárias.
Enquanto isso, o Banco Central reafirma que apenas reúne e divulga as estimativas do mercado, sem interferir nelas. Portanto, cabe ao governo, com apoio do Congresso, avançar em reformas que garantam estabilidade fiscal e confiança.