- Mercado reage negativamente à escolha de Gleisi para a articulação política, afetando as taxas de juros no Brasil
- O embate entre Trump e Zelenskiy provoca turbulência nos mercados globais e acelera as taxas futuras no Brasil
- Investidores ajustam suas previsões para a Selic, com alta de 100 pontos-base em março como cenário mais provável
Nesta sexta-feira (28), as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) dispararam, refletindo a crescente apreensão do mercado sobre a nomeação de Gleisi Hoffmann (PT) para a Secretaria de Relações Institucionais.
A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já enfrentava um cenário desafiador com a queda de sua aprovação, desencadeou uma reação imediata nos mercados.
A turbulência foi ainda mais intensificada após um bate-boca público entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, elevando a insegurança no mercado global e aumentando a pressão sobre os DIs no Brasil.
Nomeação de Gleisi Hoffmann
O nome de Gleisi Hoffmann para a pasta de Relações Institucionais gerou preocupação entre investidores e analistas, principalmente por seu histórico de críticas ao Banco Central e à austeridade fiscal.
Para muitos, a nomeação reflete uma postura mais radical do PT. Portanto, incompatível com as necessidades de articulação política e compromisso com o ajuste fiscal.
Gustavo Jesus, sócio da RGW Investimentos, afirmou que a escolha de Gleisi pode afetar negativamente a capacidade do governo em formar consensos com o Congresso. Dessa forma, o que gera incerteza no mercado e influencia diretamente as taxas dos DIs.
Reação internacional
O cenário internacional também pesou nas decisões dos investidores. O conflito entre Trump e Zelenskiy, no Salão Oval da Casa Branca, gerou turbulência nos mercados globais, fortalecendo o dólar e impactando a curva de juros no Brasil.
A disputa acirrada entre os dois líderes sobre a guerra na Ucrânia colocou mais pressão sobre a economia global. Contudo, refletindo-se na aceleração das taxas futuras no Brasil.
À medida que o dólar se valorizava, a taxa do DI para janeiro de 2026 subia para 14,96%. Além disso, a taxa para janeiro de 2027 alcançava 15,025%, com um aumento de 25 pontos-base em relação ao ajuste anterior.
Expectativas para o futuro da taxa selic
Os investidores começaram a ajustar suas expectativas para a política monetária brasileira. As taxas futuras indicaram uma alta significativa na Selic, com 92% de chance de elevação de 100 pontos-base em março.
O mercado também precificava possibilidades de novos ajustes a partir de maio, com as apostas girando em torno de um possível aumento de 50 a 75 pontos-base. Esse cenário reflete a incerteza em relação à condução fiscal do governo e à necessidade de um ajuste mais drástico para combater a inflação.
A pressão sobre a curva de juros
A aceleração das taxas foi especialmente intensa nos contratos mais longos da curva, que refletem o risco fiscal do país. A taxa para janeiro de 2031, por exemplo, alcançou o pico de 15,20%, em alta de 38 pontos-base, destacando a crescente preocupação com a condução fiscal do governo.
Já no trecho mais curto da curva, a expectativa de alta da Selic em março foi quase unânime entre os investidores, com a chance de uma elevação de 100 pontos-base sendo precificada como a mais provável.