
- IDP soma US$ 27,3 bi de janeiro a abril, menor nível em 4 anos
- Abril mostra reação com US$ 5,5 bi, mas cenário segue instável
- Resultado de 12 meses cresce para 3,29% do PIB, com base em capital produtivo
O Investimento Direto no País (IDP) somou US$ 27,3 bilhões entre janeiro e abril deste ano, segundo dados divulgados pelo Banco Central. O volume representa uma queda de 4,3% em relação ao mesmo período de 2024, além de ser o menor valor para esse intervalo desde 2021, quando o saldo havia sido de US$ 26 bilhões.
Esse tipo de investimento inclui recursos aplicados por estrangeiros em participação no capital de empresas brasileiras, abertura de filiais e projetos de infraestrutura. Trata-se de capital produtivo, de longo prazo, diferente das entradas voláteis da Bolsa de Valores. A redução registrada indica cautela por parte de investidores estrangeiros, em meio a um ambiente global menos favorável.
Abril aponta reação pontual no fluxo de capital
Apesar do fraco desempenho acumulado no ano, abril trouxe sinalizações mais positivas. O IDP do mês chegou a US$ 5,5 bilhões, com alta de 42% na comparação com abril de 2024. A elevação foi puxada por aportes líquidos de US$ 6,6 bilhões em participação no capital, enquanto as operações intercompanhia apresentaram saída líquida de US$ 1,1 bilhão.
Esse comportamento indica que, embora o fluxo total ainda esteja abaixo dos patamares históricos, algumas operações pontuais vêm ocorrendo com intensidade maior. No entanto, analistas alertam que ainda não se trata de uma tendência consolidada, pois os riscos seguem elevados no cenário externo.
Entre os fatores que explicam essa recuperação parcial estão a valorização de ativos brasileiros, oportunidades em setores estratégicos e uma leve melhora na percepção de risco-país no mês.
Participação no PIB melhora no acumulado de 12 meses
No horizonte de 12 meses encerrados em abril, o IDP acumulado alcançou US$ 69,8 bilhões, o que representa 3,29% do Produto Interno Bruto (PIB). O indicador veio acima do observado até março, quando somava US$ 68,2 bilhões (3,19% do PIB), e também supera os US$ 63,2 bilhões (2,80%) registrados até abril de 2024.
Esse avanço em relação ao PIB sinaliza um esforço contínuo, ainda que instável, para a atração de capital produtivo. A despeito da queda no acumulado do ano, o resultado anualizado mostra que o Brasil ainda figura no radar dos investidores estrangeiros, principalmente em setores como energia, saneamento e logística.
Mesmo assim, o volume atual permanece longe do pico histórico para o período, registrado em 2011, quando o país recebeu US$ 34,6 bilhões em apenas quatro meses.
Incertezas globais e seletividade explicam retração
Segundo economistas, a retração no IDP reflete a combinação de fatores externos e internos. A guerra na Ucrânia, os juros elevados nos Estados Unidos e a desaceleração da China reduzem o apetite por risco. Ao mesmo tempo, o ambiente doméstico ainda gera dúvidas quanto à previsibilidade fiscal e à estabilidade regulatória.
O cenário faz com que os investidores estrangeiros adotem uma postura mais seletiva, direcionando seus recursos apenas para projetos com alto potencial de retorno e menor risco político. Essa seletividade explica por que alguns setores seguem recebendo aportes relevantes, enquanto outros enfrentam retração.
Além disso, há uma competição global mais acirrada por capital estrangeiro. Países emergentes que oferecem segurança jurídica, previsibilidade institucional e incentivos fiscais estão saindo na frente — o que obriga o Brasil a disputar atenção em condições menos favoráveis.