Em mais um de seus insights gratuitos a Nord Research resolveu falar sobre o IPO da Mater Dei. De acordo com a analista da casa, Danielle Lopes, a companhia “é uma história de sucesso mineira”.
O IPO de Mater Dei terá uma oferta primária de até R$ 1,5 bilhão e uma secundária de até R$ 688 milhões. Dessa forma, 20% dos recursos servirão para expansão orgânica e 80% para aquisições. De acordo com a analista Danielle Lopes, o ponto positivo é que a companhia só está vendendo 30% do seu capital, “possivelmente é porque não temos fundos de Private Equity querendo vender participações”.
Hoje a Mater Dei é a maior rede de hospitais privados de Minas Gerais – e agora enfrentará a Rede D’Or, que acaba de entrar no estado. Assim sendo, possui 3 hospitais na região de Belo Horizonte a ainda está construindo um em Salvador, na Bahia. Além disso, a pontua que como qualquer hospital, a Mater Dei possui áreas de pronto-socorro, oncologia, internação, cirurgia e medicina diagnóstica.
Dessa forma, 100% das suas receitas são provenientes dos serviços hospitalares. Cerca de 92% vem das operadoras de plano de saúde, e os 8% restantes de particular, serviços e até mesmo estacionamento.
“O Mater Dei atende desde o primeiro nível de cuidado até os exames mais complexos. Seu foco estás nas regiões de médio-grande porte, com população média-alta renda e com ticket médio de plano de saúde mais elevado.”
diz a analista da Nord.
Portanto, hoje a Mater Dei oferece mais de 60 especialidades em seus hospitais, ambulatórios e laboratórios clínicos. Além disso, possui 1.081 leitos, sendo 540 operacionais, prestando serviços a mais de 85 operadores de saúde.
O desempenho da Mater Dei
De acordo com os dados de 2018 a 2020, a receita líquida da companhia cresceu, em média, 5% ao ano. Isto é, crescendo 17% de 2018 a 2019, mas caindo 2% de 2019 a 2020. Acontece que essa queda se deve ao menor fluxo de pessoas no hospital – devido ao lockdown. Dessa forma, mesmo sendo receber novos pacientes, o custo com pessoal, materiais e também medicamento permaneceram. Portanto, isso acabou gerando uma queda de 40% no EBITDA da Mater Dei.
Além disso, a construção do novo hospital que a companhia fez elevou os empréstimos da companhia pra cima. Assim sendo, acabou gerando uma queda de 47% em seu lucro líquido, que somou R$ 72 milhões em 2020.
“Os resultados de Mater Dei são bons, mas mesmo antes da pandemia, não víamos um crescimento orgânico (sem aquisições) digno de ovação de pé. Com a pandemia, a análise do histórico de resultados fica claramente prejudicada; em contrapartida, a análise dos riscos não fica.”
disse a analista da Nord.
Portanto, é fácil de enxergar como a receita, EBITDA e lucro líquido de Mater Dei são muito menores do que seu pares. Contudo, mesmo assim possui margens maiores.
Análise
De acordo com a analista da Nord, Danielle Lopes, a 56x EBITDA e 121x lucros na faixa média, Mater Dei não é barata. Todavia, “faz sentido que negocia a múltiplos altos, já que o mercado adora pagar caro por hospitais”. Além disso, pontua que, se não fosse pela pandemia, negociaria a múltiplos melhores, de 60x lucros e 35x EBITDA. A analista também pontua sua rentabilidade “interessante” e o fato de ter mais caia do que dívidas.
Mesmo após conversar com a Mater Dei, a analista da Nord afirmou que os múltiplos que a companhia oferecesse são múltiplos de Rede D’Or. E, bom, Rede D’Or é 10x maior.
“Além disso, RDOR [Rede D’Or] possui um histórico de 39 aquisições que nos deixa mais confortáveis com os riscos envolvidos. Vamos acompanhar de perto, mas por ora, recomendamos que você fique fora do IPO de Mater Dei.”
finalizou a analista.