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IRB ou Oi: qual deixará de "ser furada" em 2023?

Foto/Reprodução GDI
Foto/Reprodução GDI

Do céu ao inferno. Esta é a frase que resume a trajetória de dois nomes da bolsa de valores brasileira: IRB e Oi. Ambas as companhias já foram grandes nomes do mercado, figurinhas garantidas nas carteias de investimento de muitos investidores e adoradas pelos analistas. No entanto, nos últimos anos, ambas as companhias tiveram problemas que levaram as ações (antes cotadas a peso de ouro) valerem centavos.

Atualmente, ações das companhias se tornaram as “furadas” da bolsa, e os investidores que acreditam na retomada dos ativos, em alguns casos viraram alvo de piada. Mas será que em 2023 a situação vai mudar?

O prelúdio do fim

O caminho para o fracasso da Oi começou ainda em 2012, quando a tele comprou a Brasil Telecom. Investimentos ruins levaram a queima de caixa e elevação do endividamento.

O estopim da situação da empresa, que já esteve na carteira dos maiores investidores da bolsa, como Luiz Barsi e do gestor André Jakurski, da JGP, foi a recuperação judicial, anunciada em 2016.

No caso do IRB, os problemas começaram em 2020 quando carta da gestora Squadra apontou fraudes contáveis, posteriormente confirmadas. Uma fake news afirmando que Warren Buffet havia comprado o papel piorou ainda mais a imagem da empresa.

Até hoje, a companhia, que já foi tida como a seguradora mais lucrativa no mundo, luta para passar uma borracha nessa fase e ganhar a confiança do mercado novamente.

Na visão operacional, ambos os papéis possuem indicadores semelhantes:

Oi IRB
Potencial de valorização* 242% 45%
Queda em 2022 74% 70%
Dívida R$ 18,37 bi R$ 3,86 bi
Valor de mercado R$ 1,3 bi R$ 2,34 bi
ROE (retorno sobre o patrimônio) 0% -23,44%
Preço sobre lucro** 0,39x -2,44x
Resultado 3T22 R$ -3,38 bilhões R$ -944 milhões
 Calculado com base no preço-médio do consenso da Reuters
**dados do TradeMap

Quem sairá do buraco?

As expectativas para as companhias estão melhorando, apesar de a queima de caixa persistente e a falta de bons resultados continuar empurrando ambos os papeis para baixo.

Nas últimas semanas, a dupla aprovou agrupamento de ações para negociarem acima de R$ 1.

E, coincidentemente, as duas também tiveram boas notícias. Enquanto a Oi saiu da recuperação judicial, o IRB obteve lucro em outubro, suficiente para ação saltar mais de 20%.

E se você está se perguntando quem irá sair do buraco primeiro, a resposta mais provável é nenhuma das duas.

Na visão do analista Fábio Sobreira, da Ivest Consultoria de Investimentos, ambas as empresas deverão ter um 2023 complicado.

Ele não vê perspectivas de que nenhuma delas irá conseguir prosperar, por mais que mudem as suas gestões.

“As duas empresas, se formos parar para pensar, têm fatores positivos. Ainda assim, os preços não param de cair, não por causa do agrupamento, mas sim porque toda a vez que as pessoas enxergaram oportunidade no negócio, a coisa não vingou. O mercado demora a entender, a precificar, e às vezes, nessa demora, você perde o time”, coloca.

O analista diz que o IRB vem fazendo investimentos ainda ruins, como seguros de agronegócios.

“Isso tem isso um tiro no pé, porque ela não está conseguindo reverter a situação de resultados desfavoráveis e falta de confiança do mercado”, diz.

Para ele, a resseguradora não está barata, apesar da queda nos últimos anos, porque “ela ainda não provou a que veio depois que a situação de novos balanços pós-detecção da fraude”.

“Empresa barata é aquela que dá lucro, que está mais baixa do que sua cotação, do seu valor intrínseco, seu valor justo, fazendo todas as contas possíveis que a gente pode fazer como analista ou como uma pessoa que entende do negócio da empresa”, argumenta.

No caso da Oi, Sobreira não enxerga a recuperação judicial impactando no resultado da empresa, “que continua sendo ruim e dando prejuízo, por mais que tenha vendido toda a parte de telecom e colocado dinheiro no bolso”

“A Oi ainda tem uma dívida gigantesca e que precisa definir como irá sair dela”, completa.

“Esperamos que a Oi e a IRB melhorem, elas e todas as outras que se encontram em momentos ruins. Por conta da situação do país, muitas outras empresas se encontram operando na mínima”, observa.