Censura?

Liberdade em risco: conteúdos poderão ser censurados na internet após decisão do STF

Marco Civil foi enterrado? STF abre brecha para moderação sem critério, elevando riscos de censura no Brasil

Alexandre de Moraes
Alexandre de Moraes - Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
  • Se você produz conteúdo — seja jornalístico, humorístico ou opinativo —, o risco de remoção indevida aumenta.
  • As plataformas tendem a migrar para uma moderação automática e preventiva, para evitar responsabilização.
  • O debate agora está no Congresso Nacional, reflexo de que a tributação da moderação provém mais da política do que do Direito.

Nesta quinta-feira (26 de junho de 2025), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu redefinir o artigo 19 do Marco Civil da Internet. A nova tese amplia a responsabilidade das plataformas digitais, tornando excepcional a necessidade de decisão judicial para retirar conteúdos. De agora em diante, as empresas poderão remover conteúdos da internet sem autorização de um juiz.

Pontos controversos apontados por especialistas

O advogado André Marsiglia, especialista em direito digital e liberdade de expressão, alerta para três armadilhas potenciais dessa decisão

  • Subjetividade nos critérios
    Termos como “conteúdos antidemocráticos”, “discriminação”, “terrorismo” ou “ódio à mulher” são amplos e vagos. Na prática, as plataformas podem adotar uma postura defensiva e remover relatos jornalísticos, históricos ou críticas legítimas com medo de penalizações.
  • Ignorar o contexto
    Ao priorizar leitura literal, uma mesma frase pode ser interpretada de forma igual em contextos muito diferentes — por exemplo, “fulano é ladrão” dito em uma igreja ou em uma nota investigativa, ambos tratados da mesma forma.
  • Ausência de fiscalização externa
    Com a retirada da exigência de ordem judicial, caberá exclusivamente às empresas definirem os critérios de remoção — sem órgão regulador, supervisão independente ou diretrizes claras.

Google e outras big techs demonstram risco de censura no Brasil

O Google Brasil já manifestou sua apreensão sobre “impactos à liberdade de expressão” na esteira da decisão. O CEO Fábio Coelho alertou que uma moderação excessivamente cautelosa pode atingir conteúdos informativos, humorísticos ou jornalísticos — ampliando o risco de censura preventiva. Já a Meta também expressou inquietações similares.

Além disso, o portal TudoCelular sugere que o Google poderia até reduzir ou modular sua atuação no Brasil, caso a responsabilidade sem ordem judicial se consolide — um possível reflexo de custos e riscos desproporcionais.

Fernando Américo
Fernando Américo

Sou amante de tecnologias e entusiasta de criptomoedas. Trabalhei com mineração de Bitcoin e algumas outras altcoins no Paraguai. Atualmente atuo como Desenvolvedor Web CMS com Wordpress e busco me especializar como fullstack com Nodejs e ReactJS, além de seguir estudando e investindo em ativos digitais.

Sou amante de tecnologias e entusiasta de criptomoedas. Trabalhei com mineração de Bitcoin e algumas outras altcoins no Paraguai. Atualmente atuo como Desenvolvedor Web CMS com Wordpress e busco me especializar como fullstack com Nodejs e ReactJS, além de seguir estudando e investindo em ativos digitais.