
- Polícia Federal investiga desvio de emendas com “pedágio” de 12% para liberar recursos.
- Nome do deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, aparece em relatório.
- Esquema envolve empresas fantasmas, propina e contratos simulados com prefeituras.
A Polícia Federal identificou indícios de envolvimento de figuras centrais da base governista em um esquema de corrupção envolvendo o desvio de emendas parlamentares. No centro da investigação está o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo Lula na Câmara dos Deputados. Segundo documentos obtidos pela PF, o nome do parlamentar aparece vinculado a um repasse de R$ 7,4 milhões para a prefeitura de Maués (AM), onde os recursos estariam sujeitos a um “pedágio” de 12%.
Embora Guimarães não seja formalmente investigado, a PF afirma que ele é o parlamentar responsável pela indicação dos recursos utilizados em contratos sob suspeita. O suposto esquema envolveria o uso de empresas de fachada para drenar recursos públicos por meio de serviços não prestados ou superfaturados.
Esse novo episódio lança mais uma sombra sobre a relação do governo com o uso das chamadas emendas de relator, mecanismo frequentemente criticado por falta de transparência e distribuição política questionável.
Investigação da Polícia Federal e o Deputado José Guimarães
Empresas de fachada e propina para liberar recursos
De acordo com a CNN Brasil e O Globo, os investigadores apontam que os recursos foram repassados mediante pagamento de propina a operadores do esquema. Um empresário que colaborou com a investigação afirmou que o “pedágio” de 12% era obrigatório para a liberação de qualquer verba. As transferências, segundo ele, eram mascaradas por contratos fictícios e orçamentos inflados.
As operações policiais miram especialmente empresas que se dizem especializadas em serviços de saúde e construção civil, mas que, na prática, não possuíam estrutura ou funcionários para executar os contratos. Documentos, notas fiscais e dados bancários revelam um padrão de saques em dinheiro vivo logo após o recebimento das emendas, o que levantou alertas sobre lavagem de dinheiro.
Na operação mais recente, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em diversos estados, incluindo Amazonas, Ceará e Distrito Federal. Os investigadores ainda apuram se há conexões com outros parlamentares e se o esquema se espalha por mais municípios.
Apelido nas redes e pressão sobre o governo Lula
Nas redes sociais, o deputado José Guimarães já era conhecido pelo apelido “Capitão Cueca”, em referência a um episódio de 2005, quando foi apreendido dinheiro escondido em roupas íntimas de um assessor ligado a ele. Apesar de nunca ter sido condenado, o apelido voltou à tona com força após a divulgação do novo relatório da PF.
A revelação de seu nome em uma investigação de desvio de recursos públicos causou constrangimento no Planalto e reforçou a pressão da oposição. Líderes da base do governo tentam minimizar o caso, alegando que não há denúncia formal contra Guimarães, mas aliados reconhecem que o episódio desgasta a imagem do governo Lula no Congresso.
A Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) também acompanham o caso. Há expectativa de que novas fases da investigação revelem o envolvimento de mais agentes públicos, inclusive dentro da máquina federal.