- Lucro e margem bruta abaixo do esperado: Ebitda ajustado ficou 8% abaixo da projeção da XP, e margem bruta recuou 0,2 ponto percentual
- Queda na divisão financeira: Realize registrou retração de 4% devido a uma política de crédito mais conservadora
- Programa de recompra de ações: Lojas Renner planeja recomprar até 75 milhões de ações em 18 meses, investindo até R$ 1 bilhão
As ações da Lojas Renner (LREN3) registraram forte queda nesta sexta-feira (21), após a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24). Às 10h12, os papéis da varejista caíam 8,83%, cotados a R$ 12,50, depois de atingirem uma desvalorização de 9,85% no início do pregão.
O mercado reagiu negativamente ao lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) abaixo das projeções. Contudo, afetado por uma margem bruta mais fraca e maiores despesas com bônus.
Lucro abaixo do esperado impacta ações
A Lojas Renner apresentou um Ebitda ajustado de R$ 1,025 bilhão no 4T24, uma alta de 1,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, o valor ficou aquém da expectativa de R$ 1,096 bilhão prevista pelo consenso da LSEG.
A XP Investimentos destacou que o Ebitda ajustado, excluindo créditos fiscais e write-offs, ficou 8% abaixo da projeção da corretora. Assim, devido ao aumento no pagamento de bônus e outras despesas. Além disso, a companhia registrou um impacto negativo de R$ 133 milhões relacionado a impairments e write-offs.
O desempenho das vendas líquidas consolidadas cresceu 8%, impulsionado pelo avanço de 10% no varejo, com destaque para o aumento de 8,9% nas vendas em mesmas lojas (SSS).
O volume de vendas e o câmbio favorável na Argentina também contribuíram para o resultado positivo. Em contrapartida, a divisão financeira Realize apresentou queda de 4%, refletindo uma concessão de crédito mais conservadora. Dessa forma, o que manteve a carteira de crédito estável em relação ao ano anterior.
Margem bruta surpreende negativamente
A principal decepção veio da margem bruta, que recuou 0,2 ponto percentual em comparação ao 4T23 e ficou 2,2 pontos abaixo do nível registrado no 4T19. Mesmo com níveis recordes de remarcação de preços, a Renner optou por não repassar a pressão cambial aos consumidores, o que impactou diretamente a margem.
Os analistas da XP, Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, consideraram o resultado uma surpresa negativa, levantando dúvidas sobre a recuperação da margem bruta no curto prazo.
O Bradesco BBI também destacou que, ao excluir os efeitos não operacionais, como créditos fiscais, o lucro antes dos impostos (EBT) ficou 7% abaixo da estimativa do banco.
Diante dos resultados fracos e abaixo das expectativas, o BBI mantém recomendação neutra para os papéis da Lojas Renner, com preço-alvo de R$ 16,00.
Programa de recompra de ações
A Lojas Renner sinalizou que espera enfrentar desafios externos importantes em 2025, o que pode limitar o desempenho do setor de varejo.
Para mitigar os impactos, a empresa anunciou um programa de recompra de até 75 milhões de ações — cerca de 7% dos papéis em circulação —, com potencial de investimento de R$ 1 bilhão ao preço atual. A recompra ocorrerá ao longo dos próximos 18 meses.
Além disso, a empresa acelerou seu programa de hedge cambial no 4T24, protegendo 34% dos pedidos do primeiro trimestre de 2025 a uma taxa de câmbio média de R$ 6,28, contra 18% a R$ 5,51 no trimestre anterior.
Por outro lado, os créditos fiscais caíram para R$ 39 milhões, bem abaixo dos R$ 150 milhões registrados no 4T23.
Um ponto positivo foi o desempenho da Camicado, que alcançou margem recorde de 56,6% graças ao aumento da participação de marcas próprias e à gestão eficiente de estoques. As vendas por metro quadrado cresceram 17% em relação ao 4T23.
Apesar do programa de recompra de ações, o mercado segue cauteloso com a capacidade da Lojas Renner de recuperar sua margem bruta e manter um crescimento consistente em 2025.
Com os desafios externos à vista, a empresa terá que equilibrar custos, eficiência operacional e estratégias comerciais para reconquistar a confiança dos investidores.