
- Governo destina R$ 750 milhões ao MST e reforça investimentos no PAC
- Bolsa Família sofre corte de R$ 7,7 bilhões; justificativa é combate a fraudes
- Remanejamento inclui novos recursos para aliados do Centrão e políticas trabalhistas
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou um amplo remanejamento de R$ 40 bilhões no Orçamento de 2025, destinando novos recursos para aliados políticos e programas prioritários da gestão petista.
As alterações foram enviadas pelo Ministério do Planejamento à Comissão Mista de Orçamento (CMO) e ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), nesta terça-feira (11). Os valores foram realocados a partir de cortes em outras áreas, incluindo uma redução significativa no Bolsa Família.
Apoio ao MST e programas sociais
Entre os beneficiados pelo novo arranjo orçamentário está o Movimento dos Sem-Terra (MST), que receberá R$ 750 milhões divididos em duas frentes: R$ 400 milhões para a aquisição de alimentos da agricultura familiar e R$ 350 milhões para o Fundo de Terras e da Reforma Agrária. A medida ocorre dias após Lula visitar um assentamento do MST, reforçando sua relação com aliados históricos.
O governo ampliou o PAC em R$ 1,04 bilhão, fortalecendo uma de suas principais vitrines. Também aumentou em R$ 183 milhões o abono salarial para trabalhadores de até dois salários mínimos e reforçou o seguro-desemprego.
Recursos para o Centrão
Líderes do Centrão também saíram beneficiados na distribuição de recursos. O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), controlado pelo PP e pelo Avante, receberá R$ 40 milhões. Já o Ministério dos Esportes, sob comando de André Fufuca (PP-MA), receberá R$ 300 milhões extras para obras de infraestrutura esportiva.
Outros aliados também tiveram ganhos com o remanejamento. O governo destinou R$ 300 milhões à Conab e reforçou o orçamento da Embrapa, enquanto negocia o controle do Ministério da Agricultura, que pode ficar com Arthur Lira (PP-AL).
Cortes e ajustes fiscais
Para viabilizar os novos gastos, o governo cortou verbas de diversas áreas. O Bolsa Família foi o mais afetado, com um corte de R$ 7,7 bilhões. O Ministério do Planejamento justificou a medida como parte de um pente-fino para combater fraudes e aprimorar a eficiência do programa.
O fundo que financia o programa habitacional Minha Casa Minha Vida perdeu R$ 80,5 milhões, enquanto o Programa de Financiamento às Exportações (Proex) teve uma redução de R$ 850 milhões. O Fundo Nacional da Cultura também sofreu um corte de R$ 596 milhões.
O relator do orçamento, senador Angelo Coronel (PSD-BA), defendeu as mudanças e classificou a redução no Bolsa Família como uma medida de “saneamento” para eliminar fraudes. Ele afirmou que seguirá as diretrizes de cortes propostas pelo Executivo.
Expectativa de votação
A previsão é que o Orçamento de 2025 seja votado na próxima semana. Coronel espera finalizar a proposta até domingo para que a votação comece na terça-feira (18). O governo espera aprovar o texto com poucas alterações, garantindo recursos para aliados e programas estratégicos enquanto ajusta as contas públicas.