Política fiscal

Lula defende alta de impostos para “fazer o Brasil mais justo”

Presidente anuncia medidas como isenção do IR até R$ 5 mil e energia gratuita para quem consome menos, mas elevação tributária preocupa especialistas.

Lula
Crédito: Depositphotos
  • Lula defende justiça social por meio de isenção do IR, energia gratuita e gás mais barato, financiados com maior tributação de ricos.
  • Economistas alertam para riscos fiscais, já que gastos com juros dispararam e arrecadação avança lentamente.
  • Popularidade do governo cai, especialmente entre os mais pobres, e base política demonstra sinais de impaciência.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender o aumento de tributos para determinados setores como estratégia para combater desigualdades. Em evento nesta semana, Lula declarou que “um país justo começa pela tributação” e reiterou sua intenção de ampliar isenções para a população de baixa renda. As falas geraram forte repercussão no meio político e econômico, alimentando críticas sobre a condução fiscal do governo.

Segundo o presidente, a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil será implementada ainda em 2025. Além disso, famílias que consomem até 80 kW por mês não pagarão pela energia, e quem usar até 120 kW terá tarifa reduzida. Outra promessa envolve a redução no preço do gás de cozinha, como parte de um pacote voltado à justiça social.

Lula justificou o aumento de impostos com base na ideia de redistribuição de renda. Segundo ele, “o Brasil precisa aprender que justiça social começa com justiça fiscal”. Para o presidente, os mais ricos devem contribuir mais, permitindo que o Estado ofereça melhores condições para a população de baixa renda.

Além da isenção do IR, a gratuidade na energia para consumidores de baixa renda é um dos pilares do discurso governista. Essa política já havia sido sugerida durante a campanha eleitoral e agora entra no radar como promessa prioritária. A proposta do gás de cozinha mais barato também segue esse caminho, embora o governo ainda não tenha detalhado os mecanismos para viabilizá-la.

No entanto, à medida que o governo avança com esse discurso, surgem dúvidas sobre a real capacidade orçamentária para executar tais medidas. Os limites do arcabouço fiscal impõem barreiras concretas para ampliar gastos sem contrapartidas.

Críticas ao impacto fiscal

Com a dívida pública em alta e os gastos com juros crescendo 39% em um ano, economistas avaliam que as novas promessas devem pressionar ainda mais o orçamento. Conforme dados divulgados pelo Banco Central, o Brasil já gastou R$ 863 bilhões com juros nos últimos 12 meses, o maior valor desde 2015.

Nesse cenário, ampliar subsídios sem aumentar a arrecadação é visto como um risco. Por isso, o governo avalia novas fontes de receita, como taxação de fundos exclusivos e de grandes fortunas. Contudo, essas medidas enfrentam resistência no Congresso e entre empresários.

Além disso, tributar mais empresas pode afetar investimentos e geração de empregos, alertam analistas. Para parte do mercado, a estratégia de Lula mira em justiça social, mas desconsidera a fragilidade da economia real, que já enfrenta desaceleração e inflação persistente em itens essenciais.

Popularidade e desafio político

Apesar das críticas, o discurso social segue forte entre eleitores da base petista. No entanto, pesquisas recentes indicam que o apoio político vem diminuindo. Conforme levantamento do Datafolha, a taxa de reprovação do governo subiu para 41%, com queda na popularidade principalmente entre os mais pobres, grupo antes majoritariamente favorável.

A promessa de um Brasil mais justo é potente. Mas, sem equilíbrio fiscal e apoio político, ela pode se tornar um ônus para o próprio governo. Especialistas avaliam que o desafio será articular um modelo sustentável, capaz de atender as demandas sociais sem romper com a responsabilidade fiscal.

Mesmo entre aliados, há sinais de tensão. Deputados do centrão demonstraram preocupação com a elevação de tributos e a falta de diálogo. Se Lula insistir em medidas que aumentem a carga tributária, poderá enfrentar maior resistência no Congresso, o que enfraquece sua base e dificulta aprovações.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.