
- Lula criticou empresários por foco excessivo em interesses próprios e desvalorização do debate coletivo sobre impostos.
- O presidente apontou que a carga tributária atual é a menor desde 2021, mas que a elite ignora dívidas fiscais bilionárias.
- Durante anúncio sobre combustíveis renováveis, Lula cobrou mais protagonismo do setor privado no desenvolvimento nacional.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a mirar o setor empresarial em um discurso firme nesta quarta-feira (25), durante evento no Ministério de Minas e Energia. Ele afirmou estar “cansado” das queixas sobre impostos e cobrou mais responsabilidade social dos empresários.
Além disso, Lula declarou que a elite econômica precisa olhar além dos próprios interesses. Para ele, as decisões políticas devem priorizar o bem coletivo. Assim, em tom incisivo, o presidente ainda questionou: “Onde está o espírito cristão desses empresários, desses políticos, desses dirigentes?”.
Empresários no centro das críticas do Planalto
Ao abordar o tema da carga tributária, Lula apontou o que considera uma hipocrisia do setor privado. Ele lembrou que, mesmo com o menor índice de arrecadação desde 2021, empresários continuam pressionando o governo por mais isenções. O petista também destacou que a maior parte das críticas ignora o rombo causado pelas dívidas fiscais das empresas, estimadas em cerca de R$ 800 bilhões.
Ademais, segundo o presidente, enquanto parte do empresariado exige cortes em áreas essenciais como educação, não se vê a mesma cobrança para resolver os privilégios de grandes devedores. “Eles não falam das desonerações. Mas quando é para cortar dinheiro da escola, aí todo mundo tem ideia”, disparou.
Desse modo, o Planalto também está sob pressão do Congresso, que pautou a votação de um projeto para elevar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Então, apesar da resistência de setores econômicos, o governo considera a medida necessária para equilíbrio fiscal. Lula disse que não é justo transferir essa responsabilidade apenas para o Executivo.
Falta de compromisso e solidariedade
Durante o discurso, Lula associou a postura empresarial à ausência de valores humanos. “Que fraternidade é essa que só aparece no Natal, mas some quando é hora de contribuir com a sociedade?”, questionou. Ele criticou o foco dos empresários em lucros imediatos e o que chamou de “miopia política”.
Sendo assim, para o presidente, é urgente colocar o país no centro das decisões. Ele afirmou que a elite brasileira precisa parar de tratar o Brasil como um negócio. “Não estamos em um balcão de lucros, estamos em uma nação com gente passando fome e escolas precisando de recursos”, afirmou, em tom emocionado.
Em suma, Lula também defendeu que o empresariado assuma o protagonismo no desenvolvimento nacional. Para isso, segundo ele, é essencial adotar uma visão de longo prazo e abandonar o discurso de que tudo depende apenas do governo. “Cada setor tem sua responsabilidade. Cuidar do Brasil é tarefa coletiva”, afirmou.
Biocombustíveis e primeira medida elogiada
No mesmo evento, o governo anunciou uma mudança nas regras dos combustíveis. A gasolina tipo C passará a ter 30% de etanol anidro (E30), ante os 27% anteriores. Já o diesel contará com 15% de biodiesel (B15). A medida é vista como avanço na transição energética.
Além disso, segundo Lula, essa foi a primeira ação do governo atual elogiada pelo empresariado desde 2003. “Pela primeira vez, eles aplaudiram. Mas foi porque viram vantagem, não porque pensaram no planeta”, ironizou. O presidente defendeu que sustentabilidade e lucro podem andar juntos, mas com responsabilidade.
Desse modo, a nova composição dos combustíveis tem impacto direto no setor agrícola e nos produtores de etanol e biodiesel. Assim, o governo aposta na iniciativa como forma de alavancar empregos e atrair investimentos. Por fim, Lula afirmou que o Brasil tem potencial para liderar o setor de energia limpa no mundo.