Marcando presença

Lula enfrenta Trump e leva crise aos EUA: o que esperar do discurso na ONU

Relação entre Brasil e EUA vive pior momento em décadas, e Assembleia da ONU vira palco de tensão diplomática.

Crédito: Depositphotos
Crédito: Depositphotos
  • Lula vai à ONU em meio à pior crise com os EUA desde o início do mandato
  • Trump elevou pressão com tarifas e sanções após condenação de Bolsonaro
  • Discurso deve combinar defesa da democracia com tentativa de diálogo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca para Nova York na próxima semana, onde fará o tradicional discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU. A viagem acontece em meio ao agravamento da crise diplomática com os Estados Unidos, após críticas de Donald Trump à condenação de Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Essa será a terceira participação de Lula na Assembleia em seu atual mandato. A presença ganha ainda mais peso por ocorrer às vésperas da COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro, e que depende de articulação internacional para avanços climáticos.

ONU, clima e diplomacia

No dia 23 de setembro, Lula fará o discurso de abertura da Assembleia-Geral. No dia seguinte, a ONU sediará a Cúpula do Clima, em que os países devem apresentar suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) com metas de redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas.

Segundo o Itamaraty, Lula pretende usar os dois palcos para reforçar o protagonismo brasileiro em clima e soberania amazônica, além de buscar apoio internacional para a COP30.

Desse modo, a ausência de campanhas eleitorais em 2025 abre espaço para o presidente investir energia total na agenda externa.

O peso da crise com os EUA

A ida aos Estados Unidos acontece no momento mais delicado das relações bilaterais em anos. Trump impôs tarifas de até 50% a produtos brasileiros, em retaliação à condenação de Bolsonaro pelo STF.

Além disso, os EUA aplicaram a Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, bloqueando eventuais contas e transações no sistema financeiro americano.

Portanto, o Itamaraty considerou a decisão uma ingerência em assuntos internos. Já em artigo no New York Times, Lula afirmou que o Brasil está aberto a negociar benefícios mútuos, mas destacou que “a democracia e a soberania não estão em pauta”.

Lula rebate Trump

O petista reforçou apoio ao STF, classificando a sentença contra Bolsonaro como “decisão histórica” que salvaguarda as instituições democráticas.

Washington, por outro lado, chamou a condenação de “caça às bruxas” contra a oposição e prometeu uma “resposta adequada”. Ademais, para analistas a viagem pode transformar o discurso de Lula na ONU em um dos mais tensos de sua carreira política.

Por fim, a expectativa é de que o presidente mantenha tom firme na defesa da democracia brasileira, mas busque abrir canais de diálogo que evitem uma escalada ainda maior da crise. A reação de Trump ao discurso será acompanhada de perto por diplomatas e investidores.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.