
- Lula satiriza Trump e diz que vai presenteá-lo com jabuticabas após tarifa de 50% dos EUA.
- Presidente critica briga tarifária e cobra mais diplomacia entre os países.
- Governo prepara decreto de retaliação e comitê com empresários para revisar relação comercial.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respondeu com deboche à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Em um vídeo publicado neste domingo (13) pela primeira-dama Janja da Silva nas redes sociais, Lula apareceu comendo jabuticabas e fazendo piada sobre a tensão diplomática.
“Eu vim chupar jabuticaba de manhã, porque eu duvido que alguém que chupe jabuticaba fique com mau humor”, disse o presidente, sorridente. Em seguida, completou: “Eu vou levar jabuticaba para você, Trump. Quem come jabuticaba num país que só ele tem não precisa de briga tarifária, precisa de diplomacia e união”.
Fruta vira símbolo da resposta ao tarifaço americano
Embora a fala tenha sido descontraída, o momento é de tensão crescente entre os dois países. O vídeo de Lula foi visto como uma resposta indireta, mas simbólica, ao anúncio feito por Trump na quarta-feira (9). Na ocasião, o presidente dos EUA enviou uma carta a Lula com a confirmação de que as tarifas começarão a valer no dia 1º de agosto.
Segundo Trump, o tarifaço representa uma retaliação contra o que chamou de “censura” a empresas de tecnologia americanas e ao tratamento do governo brasileiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Com isso, o Brasil virou alvo direto da política protecionista norte-americana.
Janja reforçou o tom irônico ao escrever: “Duas coisas genuinamente brasileiras: jabuticaba e presidente”. A publicação gerou repercussão imediata nas redes sociais e dividiu opiniões. Para aliados do governo, a fala foi uma forma leve de reagir. Para críticos, a resposta pareceu despreparada diante de uma crise grave.
Por fim, a escolha da jabuticaba, uma fruta típica do Brasil, teve um tom nacionalista e buscou suavizar a tensão. No entanto, nos bastidores, o Planalto já articula uma retaliação firme às medidas comerciais dos EUA.
Governo prepara decreto de retaliação e cobra explicações dos EUA
Logo após o anúncio das tarifas, o Ministério das Relações Exteriores convocou o encarregado de negócios da embaixada americana no Brasil, Gabriel Escobar. Assim, a reunião ocorreu de forma emergencial na noite de quarta-feira, sinalizando o grau de preocupação com o impacto econômico da medida.
Lula também determinou que o governo edite, até terça-feira (15), o decreto que regulamenta a chamada “lei de reciprocidade econômica”. Com essa legislação, o Brasil poderá impor tarifas semelhantes sobre produtos vindos dos EUA, como forma de retaliação.
O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, confirmou a medida e reforçou que o país não aceitará a imposição unilateral. Ele destacou que a resposta será proporcional e respeitará os acordos internacionais, embora não descarte endurecimento nas relações comerciais.
Além disso, o governo estuda alternativas diplomáticas por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC), buscando apoio de outros países afetados por medidas similares. O objetivo é mostrar que a decisão de Trump pode desequilibrar o comércio internacional.
Comitê com empresários vai monitorar impacto e reavaliar parcerias
Durante declaração à imprensa, Lula anunciou a criação de um comitê especial para acompanhar os desdobramentos do conflito tarifário. O grupo será composto por representantes do governo federal e por empresários dos setores mais afetados pelas novas tarifas.
A proposta do comitê é simples: reunir dados, identificar prejuízos e avaliar caminhos para redirecionar exportações e buscar novos mercados. Lula afirmou que quer acompanhar a situação “dia a dia” e garantir que o setor produtivo não fique desamparado.
Além disso, segundo fontes do Palácio do Planalto, o grupo terá atuação direta junto ao Ministério da Fazenda, ao Itamaraty e ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A coordenação ficará com a Casa Civil.
Desse modo, a iniciativa mostra que o governo tenta transformar o episódio em oportunidade para repensar sua dependência dos EUA. Portanto, ao mesmo tempo, busca evitar danos maiores em um momento de desaceleração econômica global.