- A recente alta do dólar, que atingiu R$ 5,69 na última sexta-feira (30) antes de recuar para R$ 5,61 após a intervenção do Banco Central, é mais um indicativo da perda de confiança nas políticas econômicas do governo
- O BC agiu rapidamente, dessa forma, vendendo US$ 1,5 bilhão à vista
- Além de US$ 765 milhões em contratos de swap cambial para conter a pressão
- Contudo, o impacto no mercado revela uma desconfiança mais profunda
A recente alta do dólar, que atingiu R$ 5,69 na última sexta-feira (30) antes de recuar para R$ 5,61 após a intervenção do Banco Central, é mais um indicativo da perda de confiança nas políticas econômicas do governo. O BC agiu rapidamente, dessa forma, vendendo US$ 1,5 bilhão à vista. Além de US$ 765 milhões em contratos de swap cambial para conter a pressão. Contudo, o impacto no mercado revela uma desconfiança mais profunda, principalmente relacionada à trajetória fiscal do país.
A principal fonte de apreensão continua sendo o descontrole das contas públicas. Embora o crescimento econômico tenha impulsionado a arrecadação, os gastos do governo dispararam, com aumento de 15% acima da inflação nos últimos 12 meses. Isso resultou em um déficit recorde, que atingiu R$ 257,7 bilhões no acumulado anual, sem considerar os juros da dívida. Incluindo esses encargos, o déficit alcançou impressionantes 10,1% do PIB.
Dívida pública
A dívida pública segue uma trajetória alarmante, com crescimento de 4,1 pontos percentuais apenas em 2024, elevando o total para 78,5% do PIB. Nesse ritmo, o endividamento pode ultrapassar os níveis críticos observados durante a pandemia até o fim do atual mandato de Lula. Apesar dos esforços do governo para aumentar a receita, o Congresso tem resistido a novas medidas tributárias, exigindo ações mais incisivas no controle de gastos.
Enquanto isso, o ambiente de incerteza se agrava com a perspectiva de mudanças na liderança do Banco Central e as expectativas de uma alta de 1,5 ponto percentual na Selic, em resposta à inflação crescente, que já ultrapassa 4%. A falta de clareza e coordenação nas políticas econômicas intensifica o clima de instabilidade, gerando preocupações sobre o futuro da economia brasileira.
Dólar dispara para R$ 5,69 em meio à alta da dívida pública
- O dólar, no entanto, registrou forte alta nesta sexta-feira (30), aproximando-se de R$ 5,70, mesmo após o Banco Central (BC) intervir no mercado com um leilão de dólares
- A medida visa conter a escalada da moeda americana, que tem sido impulsionada ao longo da semana pela busca dos investidores por ativos de proteção
- Visam, contudo, em meio a preocupações com o cenário fiscal brasileiro e a política monetária nos Estados Unidos
O dólar, no entanto, registrou forte alta nesta sexta-feira (30), aproximando-se de R$ 5,70, mesmo após o Banco Central (BC) intervir no mercado com um leilão de dólares. A medida visa conter a escalada da moeda americana, que tem sido impulsionada ao longo da semana pela busca dos investidores por ativos de proteção. Assim, em meio a preocupações com o cenário fiscal brasileiro e a política monetária nos Estados Unidos.
No leilão, o BC aumentou a oferta de dólares no mercado, na tentativa de reduzir a pressão sobre o câmbio. Entretanto, a operação não foi suficiente para inverter o movimento de alta, uma vez que os investidores continuam buscando o dólar como forma de hedge diante das incertezas sobre o futuro dos juros americanos e o agravamento das contas públicas brasileiras.
Além disso, o Ibovespa, principal índice da B3, opera em queda no último pregão de agosto. O mercado brasileiro se mantém cauteloso após a divulgação de dados que mostram o aumento da dívida pública, agora correspondente a 78,5% do PIB em julho, acima dos 77,8% registrados em junho. Essa deterioração das contas públicas alimenta o pessimismo entre os investidores, que aguardam medidas mais concretas para a contenção do déficit fiscal.
As recentes declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também contribuíram para o clima de apreensão. Campos Neto, no entanto, afirmou que “enquadrar” a questão fiscal tem sido o maior desafio da economia brasileira, sinalizando que o governo terá dificuldades em equilibrar as contas públicas no curto prazo. Esse discurso somou-se ao pessimismo em relação à sustentabilidade da dívida, o que pressiona ainda mais o dólar.
Cenário internacional
No cenário internacional, os mercados monitoram atentamente os dados de inflação nos Estados Unidos. O índice de preços de despesas com consumo pessoal (PCE), indicador preferido do Federal Reserve (Fed) para medir a inflação, registrou alta de 2,5% em um ano até julho, permanecendo estável em relação ao mês anterior e abaixo das projeções de 2,6%. Esses números, embora positivos, ainda não dissipam as expectativas de que o Fed possa manter uma política monetária rígida no futuro próximo.
Às 10h15, o dólar, contudo, apresentava alta de 1,00%, cotado a R$ 5,6792, e chegou a atingir R$ 5,6916 na máxima do dia. No pregão anterior, a moeda americana subiu 1,20%, encerrando a R$ 5,6231. Com isso, o dólar acumulou ganhos de:
- 2,62% na semana;
- 0,55% de recuo no mês;
- 15,88% de valorização no ano.
Por outro lado, o Ibovespa caía 0,71% no mesmo horário, aos 135.077 pontos. Na quinta-feira (29), o índice fechou em baixa de 0,95%, aos 136.041 pontos. Com os resultados recentes, o principal índice da bolsa brasileira apresenta:
- Alta de 0,32% na semana;
- Alta de 6,57% no mês;
- Ganhos de 1,38% no acumulado do ano.
Esses números refletem a volatilidade crescente no mercado financeiro brasileiro, em meio às preocupações fiscais internas e ao cenário global, que segue monitorando as ações dos principais bancos centrais.