
- Presidente brasileiro pediu diálogo sobre tarifas e criticou decisão unilateral dos EUA.
- Brasil tenta negociar, mas não obteve resposta de Washington desde maio.
- Lula anunciou controle estatal sobre minerais estratégicos para proteger riquezas nacionais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo direto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta segunda-feira (28), pedindo que reconsidere a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, foi anunciada por Trump em carta pessoal a Lula, publicada em sua rede social.
Durante a inauguração de uma usina termelétrica no Rio de Janeiro, Lula criticou a decisão americana, classificando-a como abrupta e unilateral. “Não é assim que se trata um parceiro estratégico. Divergências existem, mas se resolvem com diálogo”, afirmou, reforçando a necessidade de negociações bilaterais antes da adoção de sanções econômicas.
Falta de diálogo trava solução diplomática
Embora o governo brasileiro tenha buscado retomar o diálogo com os EUA, as tentativas esbarram no silêncio de Washington. Desde maio, quando o Brasil enviou uma contraproposta comercial, não houve qualquer resposta. Diplomatas ouvidos pela Reuters confirmaram que nenhuma nova rodada de negociações aconteceu no último mês.
Essa ausência de comunicação, segundo analistas, deixa o Brasil em posição frágil diante do prazo iminente. A nova tarifa anunciada por Trump foi justificada por ele como reação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para o republicano, Lula estaria perseguindo politicamente seu aliado e, por isso, punições comerciais seriam necessárias.
Apesar disso, Lula tem adotado tom diplomático. Reforça que o Brasil não quer confronto, mas exige respeito. “Se os EUA valorizam nossa parceria, precisam agir como tal”, declarou.
Soberania sobre minerais estratégicos
Em paralelo à tensão com os EUA, Lula também reagiu a declarações recentes de representantes americanos sobre o interesse nos minerais críticos do Brasil. Em resposta, anunciou a criação de uma comissão especial no governo para mapear as riquezas minerais do país e garantir que sua exploração ocorra sob controle nacional.
“Se nem nós conhecemos todos os nossos minérios e já tem país dizendo que são críticos, então vamos cuidar disso. Esse patrimônio é do povo brasileiro”, disse o presidente. Segundo ele, apenas 30% das reservas nacionais são conhecidas, e o governo quer ampliar o conhecimento geológico com base em critérios estratégicos.
Além disso, Lula deixou claro que as empresas privadas só poderão explorar os recursos sob autorização expressa do Estado. E, mesmo assim, não poderão negociar livremente os direitos sobre áreas ricas em minerais sem consultar o governo. “Quem explora, precisa compartilhar os resultados com o país. Essa riqueza não pode escapar de nossas mãos”, afirmou.
Discurso mira política industrial e desenvolvimento
As falas do presidente integram uma estratégia mais ampla de fortalecer a política industrial e reduzir a dependência externa.
Além disso, Lula defendeu que o Brasil precisa transformar seus recursos naturais em valor agregado, com foco em inovação e desenvolvimento de cadeias produtivas locais.
Por fim, segundo ele, garantir o controle sobre os minerais estratégicos é essencial para que o país deixe de ser um eterno exportador de matérias-primas. “Nós queremos ser desenvolvidos, e isso exige controle, soberania e planejamento”, concluiu.