
- Mercado Livre já vale US$ 90 bilhões, mais que Petrobras, Itaú e Nubank
- Mercado Pago quer ser o maior banco digital da América Latina, com crédito como motor
- Dividendos seguem fora do radar: empresa prioriza reinvestimento em expansão
O Mercado Livre, empresa mais valiosa da América Latina, tem planos ambiciosos para o Brasil. Além de seguir expandindo sua liderança no e-commerce, a companhia quer transformar sua fintech, o Mercado Pago, no maior banco digital da região.
Richard Cathcart, diretor de Relações com Investidores, afirmou em entrevista exclusiva ao Balanço em Foco que a penetração de compras online ainda é baixa no país e que o crédito é a próxima grande fronteira para o grupo argentino.
Mercado Pago amplia força no crédito
Segundo Cathcart, a carteira de crédito da fintech já soma US$ 9,3 bilhões, mas ainda representa pouco diante da oportunidade disponível em mercados que somam PIB de US$ 5 trilhões. “Estamos apenas no início dessa jornada, e o foco é equilibrar crescimento com gestão de risco”, afirmou.
No 2º trimestre de 2025, a carteira do Mercado Pago cresceu 91% em relação ao ano anterior, enquanto o lucro operacional do grupo bateu recorde de US$ 825 milhões. Além disso, a receita líquida chegou a US$ 6,8 bilhões, avanço de 34% na mesma base de comparação.
Apesar disso, o lucro líquido caiu 1,5% frente ao 2T24, pressionado pelo câmbio argentino e maiores investimentos. Desse modo, Cathcart destacou, porém, que o caixa gerado garante capacidade de financiar novos projetos sem comprometer a solidez financeira.
Logística e novas estratégias
O executivo explicou que o investimento em Centros de Distribuição no Brasil faz parte do plano de tornar o frete grátis um diferencial competitivo. A faixa de isenção caiu de R$ 79 para R$ 19, o que deve atrair mais consumidores e aumentar a fidelização.
Para ele, a eficiência logística própria reduz custos e melhora a experiência do cliente. Assim, o Mercado Livre, segundo o diretor, aprendeu em mais de uma década que investir em frete e tecnologia aumenta a taxa de conversão e fortalece a relação com o consumidor.
Portanto, a estratégia mostra que a companhia não pretende abrir mão de agressividade, mesmo com margens pressionadas. O objetivo segue sendo ampliar presença e consolidar ainda mais o e-commerce na região.
Concorrência, regulação e dividendos
Cathcart afirmou que o grupo está acostumado à forte concorrência no Brasil, mercado considerado um dos mais relevantes do mundo. Segundo ele, o grande desafio está na isonomia tributária, para garantir competição justa com plataformas estrangeiras.
Ademais, a cobrança de ICMS e imposto de importação sobre sites internacionais, iniciada em 2023, foi citada como exemplo positivo para equilibrar o ambiente de negócios. “É fundamental que todos joguem sob as mesmas regras”, destacou.
Por fim, sobre dividendos o executivo foi direto: não há planos de retomada no curto prazo. Desde 2018, a empresa prefere reinvestir os lucros em crescimento, apostando que o retorno virá pela valorização das ações e não pela distribuição direta.