Análise do Setor de Mídia

Brasil atrai 62% da audiência de mídia cripto na América Latina; Apesar do crescimento da adoção, tráfego caiu pela metade no 2T25, segundo relatório Outset

Brasil atrai 62% da audiência de mídia cripto na América Latina; Apesar do crescimento da adoção, tráfego caiu pela metade no 2T25, segundo relatório Outset

O segundo trimestre de 2025 foi moldado globalmente por uma forte recuperação dos ativos digitais, importantes desenvolvimentos regulatórios nos EUA e a aceleração da adoção de stablecoins.

Nesse contexto, a América Latina reforçou seu status como uma das regiões de criptomoedas com crescimento mais rápido em todo o mundo. A região registrou um aumento trimestral de 18,3% no número de usuários únicos de criptomoedas, de acordo com a pesquisa realizada pela RankingsLatAm.

A adoção permanece concentrada, com Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru respondendo por 87% do mercado.

A Argentina lidera, com 19,8% de sua população detendo criptomoedas, seguida de perto pelo Brasil (18,6%) e El Salvador (14,6%). O crescimento mais rápido veio da Bolívia (+355%), Guatemala (+87,8%) e Paraguai (+51,6%), refletindo tanto a demanda emergente quanto a expansão do acesso.

A geração Millennial é o claro motor da adoção, com 21,9% detendo criptomoedas, em comparação com 14,1% da Geração X e taxas de um dígito entre as gerações mais velhas.

Além da propriedade no varejo, as stablecoins estão remodelando o comércio em toda a região. Em abril de 2025, a Visa anunciou uma parceria com uma empresa da Stripe chamada Bridge, permitindo que desenvolvedores de fintechs emitam cartões Visa vinculados a stablecoins em toda a América Latina.

Especificamente, esses cartões – já disponíveis na Argentina, Colômbia, Equador, México, Peru e Chile – permitem que os usuários paguem com stablecoins por meio da rede Visa, enquanto os comerciantes recebem moedas fiduciárias.

Olhando para além do segundo trimestre, a expansão da infraestrutura na América Latina não mostra sinais de desaceleração. No início de agosto, a Bybit lançou uma promoção P2P exclusiva para a América Latina. No mesmo período, a Tether investiu € 30 milhões na Bit2Me – a primeira exchange de língua espanhola licenciada sob a estrutura MiCA da UE – para expandir os serviços de stablecoins na região, tendo a Argentina como mercado prioritário.

Esses desenvolvimentos após o segundo trimestre sinalizam um compromisso institucional sustentado e uma maior integração das criptomoedas ao tecido financeiro da região.

Ao mesmo tempo, os governos estão começando a desempenhar um papel mais visível, moldando tanto a regulamentação quanto a adoção.

O Banco Central do Brasil rejeitou publicamente a ideia de uma reserva de Bitcoin, ressaltando a cautela regulatória em nível nacional.

A Argentina seguiu o caminho oposto, promovendo estruturas de tokenização em nível nacional. Buenos Aires também habilitou o pagamento de impostos municipais sobre criptomoedas por meio do programa BA Cripto.

Embora a regulamentação ainda seja desigual, as percepções de segurança sejam lentas (apenas 32% dos latino-americanos consideram as transações com criptomoedas seguras) e o acesso à educação varie bastante, a trajetória é clara.

As criptomoedas na América Latina estão evoluindo de um ativo especulativo para uma infraestrutura financeira essencial, combinando adoção orientada pela necessidade com apoio institucional e político em rápida expansão.

No entanto, os padrões de engajamento do público revelam um desempenho altamente díspar entre os segmentos de mídia.

Método e escopo: O que foi medido e por quê?

Primeiramente, a pesquisa se baseia nas estimativas de tráfego disponíveis publicamente via SimilarWeb, onde a agência Outset PR fez a organização e análise para chegar aos resultados do relatório.

Nesse sentido, a agência analisou a dinâmica de tráfego de 55 veículos de comunicação com foco na América Latina e cobertura relacionada a criptomoedas durante o segundo trimestre de 2025.

Dessa forma, o escopo da pesquisa incluiu os seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.

A pesquisa buscou garantir a representatividade regional ao se concentrar nos mercados que geram a maior parte do tráfego de mídia cripto identificável na América Latina – principalmente nos países de língua espanhola e portuguesa.

Para organizar melhor a classificação dos veículos de mídia, a análise separa em dois grupos:

  • Veículos nativos de criptomoedas (38): Veículos de mídia cujo escopo editorial é inteiramente dedicado a criptomoedas, blockchain e Web3.
  • Veículos tradicionais com cobertura de criptomoedas (17): Portais de notícias sobre finanças, economia, tecnologia e notícias em geral que também mantêm seções sobre criptomoedas ou fornecem cobertura regular sobre ativos digitais. Para este grupo, as métricas de tráfego refletem o total de visitas ao site, já que o SimilarWeb não permite isolar seções relacionadas a criptomoedas separadamente.

Os dados de tráfego abrangem visitas em desktops e dispositivos móveis, com média mensal e agregadas trimestralmente.

A amplitude do crescimento – a porcentagem de veículos com ganhos trimestrais (QoQ) – foi calculada separadamente para cada categoria, a fim de destacar diferenças estruturais. Também houve uma análise detalhada das métricas de engajamento de mídias cripto emergentes.

Além disso, os veículos foram segmentados por:

  • Geografia do público (com base no idioma do site, domínio e dados de geolocalização do SimilarWeb)
  • Níveis de volume de tráfego (média de visitas mensais no segundo trimestre de 2025)
  • Composição da fonte de tráfego (Direto, Busca Orgânica, Pago, Referência, Social), para avaliar a diversificação da aquisição de público e a visibilidade externa.

Por fim, para veículos que atendem a vários países, os volumes de tráfego foram ajustados proporcionalmente com base na distribuição do público para garantir a precisão regional.

A visibilidade da mídia cripto caiu 54% em relação ao trimestre anterior, enquanto a mídia convencional aumentou 8%; Maioria dos veículos de comunicação em ambos os segmentos ainda perdeu tráfego

O tráfego total de mídia relacionada a criptomoedas na América Latina – somando veículos tradicionais e nativos de criptomoedas – atingiu 271,39 milhões de visitas no segundo trimestre de 2025, acima dos 261,60 milhões do primeiro trimestre.

No entanto, esse crescimento geral mascara uma forte divergência entre os dois segmentos. Enquanto as publicações tradicionais adicionaram quase 20 milhões de visitas no trimestre, os sites nativos de criptomoedas perderam mais da metade de sua audiência, continuando seu declínio acentuado ao longo do primeiro semestre de 2025.

No primeiro trimestre, o tráfego específico de criptomoedas caiu de 6,98 milhões em janeiro para 5,37 milhões em março (-23,07%), já sinalizando crescentes obstáculos à visibilidade.

A queda se acelerou no segundo trimestre: os volumes caíram para 3,35 milhões em abril, caíram ainda mais para 2,65 milhões em maio e caíram novamente para 2,19 milhões em junho. Isso representa uma queda de 34,63% somente no segundo trimestre, agravando as perdas do trimestre anterior.

Fonte: Relatório Outset PR.

No geral, o segundo trimestre fechou com 8,19 milhões de visitas, em comparação com 17,85 milhões no primeiro trimestre – uma queda trimestral de 54,12%, marcando a maior queda desde que a Outset PR começou a monitorar a região.

Os veículos tradicionais mostraram maior resiliência, mas ainda enfrentaram volatilidade. No primeiro trimestre, o tráfego caiu de 87,50 milhões em janeiro para 80,22 milhões em março (-8,32%), antes de se estabilizar no segundo trimestre.

Em abril, os volumes abriram fortes, com 92,51 milhões, e depois caíram para 86,13 milhões em junho (-6,90%). Apesar dessas oscilações, os veículos generalistas cresceram de 243,75 milhões no primeiro trimestre para 263,20 milhões no segundo trimestre (+7,98% em relação ao trimestre anterior) – um ganho modesto, mas notável, que contrastou com o colapso dos veículos cripto.

Fonte: Relatório Outset PR.

A análise da amplitude do crescimento mostra que apenas 27,78% dos portais nativos de criptomoedas registraram ganhos no segundo trimestre, enquanto 72,22% apresentaram queda. Os portais tradicionais tiveram desempenho quase idêntico, com 29,41% de crescimento e 70,59% de retração.

Fonte: Relatório Outset PR.

Brasil lidera mídia cripto, Argentina domina sites tradicionais

No segundo trimestre de 2025, entre os veículos de comunicação cripto, o Brasil liderou com 4,18 milhões de visitas (participação de 61,78%).

Em seguida, aparecem: México (1,24 milhão, 18,34%), Colômbia (0,58 milhão, 8,57%), Argentina (0,53 milhão, 7,88%) e Chile (0,25 milhão, 3,70%). Mercados menores incluíram Peru (0,09 milhão, 1,28%), Venezuela (0,07 milhão, 1,04%) e Costa Rica (0,02 milhão, 0,30%).

Fonte: Relatório Outset PR.

Entre os principais veículos de comunicação, a Argentina dominou com 143,89 milhões de visitas (56,10% de participação), seguida pelo Brasil (76,39 milhões, 29,78%) e México (30,84 milhões, 12,03%).

A Colômbia foi responsável por 4,91 milhões (1,92%), enquanto o Peru (0,28 milhão, 0,11%) e o Chile (0,05 milhão, 0,02%) contribuíram marginalmente.

Fonte: Relatório Outset PR.

O padrão é claro: Brasil e Argentina dominam o consumo de notícias sobre criptomoedas na América Latina.

Mas por meio de combinações diferentes — o Brasil lidera tanto no público cripto quanto no público convencional, enquanto a Argentina tem um peso predominantemente voltado para o público convencional.

As fontes de tráfego revelam domínio orgânico e tráfego direto

Ao comparar as fontes de tráfego, os veículos de mídia cripto e mainstream na América Latina apresentam padrões gerais semelhantes.

Para a mídia cripto no segundo trimestre de 2025, o tráfego foi dividido quase igualmente entre direto (43,93% / 3,60 milhões de visitas) e orgânico (43,97% / 3,60 milhões de visitas).

Participações menores vieram de referências (5,79% / 474,04 mil visitas), plataformas sociais (6,07% / 496,76 mil visitas) e um componente pago insignificante (0,03% / 2,48 mil visitas).

Enquanto isso, veículos de notícias em geral apresentaram um equilíbrio comparável: tráfego direto (43,65% / 114,88 milhões de visitas) e orgânico (44,21% / 116,35 milhões de visitas) dominaram.

O tráfego de referência (referral traffic) (3,68% / 9,69 milhões de visitas) e as redes sociais (8,28% / 21,79 milhões de visitas) desempenharam papéis menores, mas notáveis. O tráfego pago (0,10% / 265,33 mil visitas) também permaneceu marginal.

Fonte: Relatório Outset PR.

Confira os dados completos e saiba mais

Além do monitoramento do desempenho da mídia, esse relatório serve como um recurso estratégico mais amplo para a indústria de criptomoedas na América Latina:

  • Para equipes de Relações Públicas e comunicação, ele destaca onde a visibilidade real pode ser alcançada e onde ela está se deteriorando.
  • Para desenvolvedores de negócios e profissionais de marketing, ele aponta os países e canais mais importantes para alcançar o público.
  • Para investidores e analistas, ele documenta o desequilíbrio entre a crescente adoção e o enfraquecimento da infraestrutura de mídia, sinalizando riscos e oportunidades.
  • E para editores e formuladores de políticas, ele mostra como as pressões estruturais – da descoberta impulsionada por IA à regulamentação desigual – estão remodelando o cenário midiático da região.

Em conjunto, esses insights tornam o conjunto de dados uma referência prática para qualquer pessoa que busque construir, escalar ou sustentar sua presença em um dos ecossistemas de criptomoedas de evolução mais rápida do mundo.

Confira os dados completos desse relatório no blog da Outset PR

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Publicado pela Outset PR – agência de relações públicas especializada em startups dos segmentos cripto e blockchain | Powered by SimilarWeb e Ahrefs

Victor Rodrigues

Formado em Economia pela PUC SP e interessado sobre o universo de finanças, tecnologia e marketing.

Formado em Economia pela PUC SP e interessado sobre o universo de finanças, tecnologia e marketing.