
- A diferença entre o dólar oficial e o paralelo caiu para 8%, o menor nível desde 2019, devido ao câmbio administrado.
- A inflação ainda afeta o poder de compra das famílias, com mais de 40% da população vivendo na pobreza.
- Embora as políticas cambiais tenham trazido avanços, a recuperação econômica depende de reformas estruturais, além de enfrentar a inflação e a desigualdade.
Em abril de 2025, a diferença entre o dólar oficial e o paralelo na Argentina caiu para 8%, a menor desde 2019. O presidente Javier Milei promoveu medidas de controle cambial, ajuste fiscal e incentivo a investimentos, buscando recuperar a confiança do mercado. Apesar disso, a inflação anual ainda supera 250% e cerca de 45% da população vive na pobreza.
Portanto, o equilíbrio entre ajustes técnicos e impactos sociais coloca o país diante de um desafio complexo: estabilizar a economia sem aprofundar o sofrimento da população mais vulnerável.
Avanços cambiais sob Milei reduzem diferença histórica
Em abril, os argentinos presenciaram uma aproximação inédita entre as taxas de câmbio oficial e paralela. A diferença caiu para 8%, segundo dados do Banco Central argentino. Desde 2019, o país não via uma convergência tão acentuada entre os dois valores.
O governo de Javier Milei promoveu medidas agressivas para conter a desvalorização do peso. Ele adotou um câmbio administrado, manteve o congelamento de contratos públicos e restringiu a emissão monetária. Com isso, reduziu a pressão sobre as reservas cambiais.
Além disso, atraiu investidores externos, especialmente do setor energético. O governo apostou no pré-sal de Vaca Muerta e em energias renováveis para captar dólares e impulsionar exportações. Esse movimento contribuiu para a estabilização do mercado cambial no primeiro trimestre do ano.
No entanto, a moeda ainda enfrenta desconfiança. Mesmo com o avanço técnico, o peso argentino segue frágil diante de expectativas inflacionárias e instabilidade política. A confiança não se constrói apenas com números, mas com previsibilidade e segurança institucional.
Inflação e pobreza desafiam estabilidade conquistada
Apesar da redução da diferença cambial, a inflação continua alta. O índice anual supera 250%, corroendo o poder de compra das famílias. A cesta básica teve aumento de 312% no acumulado dos últimos doze meses, conforme apontou o jornal Clarín.
A população mais pobre sofre os efeitos mais severos. Hoje, 45% dos argentinos vivem abaixo da linha da pobreza, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC). A classe média também enfrenta dificuldades: aluguel, transporte e alimentação consomem grande parte da renda mensal.
Milei defende os cortes como necessários para estabilizar o país. Ele congelou salários públicos e reduziu subsídios, inclusive em setores essenciais como gás e energia elétrica. No entanto, especialistas alertam para os riscos sociais dessas decisões.
A Confederação Geral do Trabalho (CGT) convocou novos protestos para maio. Os sindicatos acusam o governo de aprofundar a crise social. A população, pressionada por aumentos e falta de emprego, exige alternativas mais equilibradas.
Riscos políticos e necessidade de equilíbrio
O presidente Milei aposta no tempo como aliado. Ele afirma que a Argentina viverá superávit primário ainda em 2025, com base no ajuste fiscal e na confiança internacional. O Fundo Monetário Internacional (FMI) reconheceu os esforços e liberou nova parcela de financiamento.
No entanto, o cenário político é delicado. A oposição ganhou força no Congresso e ameaça barrar medidas consideradas impopulares. A governabilidade depende de acordos, algo que Milei sempre criticou em seus discursos.
A sociedade exige equilíbrio entre rigor técnico e sensibilidade social. O desafio está em manter as conquistas econômicas sem ignorar o impacto humano. A crise cambial pode ter recuado, mas a crise social permanece visível nas ruas de Buenos Aires.
Portanto, o futuro da economia argentina depende de diálogo, responsabilidade e transparência. Desse modo, a confiança da população será decisiva para sustentar qualquer projeto de longo prazo.